Dos 97 quilômetros de praias do litoral paranaense, apenas 6,8 quilômetros estão impróprios para banho, de acordo com o quinto boletim de balneabilidade, divulgado pelo IAP (Instituo Ambiental do Paraná). Nos trechos impróprios, 34 barracas vermelhas indicam aos banhistas que o local está contaminado. Há 16 temporadas, o IAP monitora a qualidade da água, mas apenas em 2003 os pontos passaram a ser divulgados e sinalizados.
A forma de divulgação e orientação adotada pelo IAP, através das barracas vermelhas instaladas na orla e as barracas azuis indicando os pontos próprios para banho – vêm sendo aprovada pelos veranistas e moradores do litoral.
O bancário Benedito Antônio Alves Neto, morador de Cruzeiro do Oeste, disse que a sinalização é importantíssima para pessoas que, como ele, se deslocam do interior do Estado para passar as férias no litoral apenas uma vez a cada ano e não sabem onde estão os pontos de emissão de esgoto. ?A orientação que recebi ao chegar demonstra seriedade na praia. As pessoas que estão no litoral sabem que estão seguras e estão sendo informadas. O governo cumpre seu papel e nós ficamos com nossos filhos seguros?, disse Benedito, acompanhado da filha Débora Souza Alves, de 11 anos.
Ao observar um comerciante reclamando da instalação da barraca em frente ao seu estabelecimento, a também comerciante do município de Morretes Rosangela Maranho considerou absurda a crítica e disse que a divulgação não ?espanta? de forma alguma os turistas. ?Eu sou comerciante e veranista e acho que um estabelecimento se sustenta pelo seu atendimento e não pela água do mar estar contaminada ou não. Os comerciantes têm família também que freqüentam a praia e deveriam estar felizes por saber onde estão os locais contaminados que podem trazer doenças para seus próprios filhos?, opinou Rosangela.
A tratadora de aves Josefina Leonilda Ribeiro veio de São Paulo pela primeira vez ao litoral do Paraná e disse que retornará no próximo ano. Ela estava na areia, em uma área não indicada para entrar no mar. ?Estou apenas pegando sol aqui, porque sei que este local é impróprio para banho. Caso resolva ir para água, sei que o Paraná tem outros 90 quilômetros de praias próprias para banho?, ressaltou. Segundo ela, a informação repassada pelos estagiários que estão nas barracas do IAP é exemplar e que a medida deveria ser adotada pelo litoral de São Paulo. ?Freqüento há anos as praias de Santos e Praia Grande, mas o cheiro de esgoto nestes locais é tão grande que resolvi mudar o roteiro. Acho louvável a iniciativa paranaense?, finalizou.
Orientação
A estudante de pedagogia da Universidade do Litoral Rosemara Martins Leal trabalha em uma das barracas ?vermelhas? do IAP ? instalada próximo ao Rio Matinhos, um dos pontos de maior emissão de esgoto. O rio foi interditado pelo IAP com faixas e cones. ?Hoje não temos ninguém na água e continuamos orientando as pessoas para que não atravessem o rio por dentro porque ele tem esgoto. Todos os dias, os veranistas nos agradecem pelo serviço que estamos prestando e esse reconhecimento é muito bom?, confessou Rosemara.
No mesmo ponto onde Rosemara trabalha, em Matinhos, a cozinheira Sônia Regina Pereira mora há mais de 20 anos com sua família. ?Nunca soube que esse rio continha esgoto e que a água era imprópria. Fico muito feliz com o esclarecimento, porque tenho netos e filhos pequenos, que agora não deixo mais entrar na água contaminada?, disse Sônia.
