O País vai crescer menos que o esperado e, como sempre, a razão que não admite reparos é a manutenção das altas taxas de juros da economia. A afirmação tem suporte numa pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), cuja projeção do crescimento do PIB caiu de 4% em março para 3,2% em julho.

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Na medida da queda da estimativa de avanço econômico, os empresários também não mostram disposição em elevar o nível dos investimentos. O cálculo inicial de 8,5% de aumento no total injetado na produção na última semana foi reduzido para sofríveis 4%, índice que não dará respaldo ao crescimento sustentado.

Os empresários aguardavam a diminuição da taxa Selic para o segundo semestre, e, como o fato não foi sinalizado, prossegue a indefinição quanto a futuros investimentos. Para a CNI, só há perspectiva segura de aumento no setor de exportações, cuja estimativa passou de US$ 108 bilhões para US$ 114 bilhões.

Quadro sintomático é exibido pela indústria paulista, a mais forte do País, que já não faz questão de minimizar a desaceleração da oferta de empregos face ao encolhimento da demanda, e estoques acumulados nas maiores redes de varejo. A Fiesp informou que, em junho, foram criados 5.816 novos postos de trabalho, índice que superou maio em apenas 0,28%.

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Considerado o pior desempenho do ano, a pouca disponibilidade de empregos é indício do gradativo descréscimo dos indicadores do ritmo industrial. Os empresários estão pessimistas em face do desdobramento da crise política carregada de maus presságios, haja vista a sucessão ininterrupta de denúncias.

Líderes representativos do setor industrial, como o empresário Paulo Francini, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, enfatizam que a trajetória de queda é real e tem tendência a piorar. Nada mais indesejável para uma economia historicamente brecada por sobressaltos repetidos à saciedade.

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A retomada do crescimento, garantem analistas de mercado, somente terá lugar com a queda das taxas dos juros básicos, revisão completa da política tributária, contenção dos gastos públicos e enxugamento da máquina administrativa, aí incluídas as três esferas de governo. Como se vê, um desafio capaz de desanimar Hércules, Maciste e Rambo. Juntos.