?Ação desastrosa?. Foi assim que a Secretaria de Estado da Segurança Pública definiu a ação que vitimou no domingo a jovem Rafaeli Ramos Lima, 20 anos, em Porto Amazonas. A Polícia Militar tentava localizar um carro que estaria levando drogas e que teria furado três bloqueios na estrada. O carro procurado era um Fiat Palio, o carro alvejado foi um Volkswagen Gol, dirigido por outro garoto, Diogo Soldi.
?Ação desastrosa?. Por conta do tal carro, os policiais trocavam informações pelo rádio. Passou um carro escuro, compacto (o chamado carro popular), eles não tiveram dúvidas: era o Palio procurado. Não prestaram atenção em detalhes básicos que diferem um Fiat de um Volkswagen, apenas olharam para o carro e tiveram certeza que era aquele o perseguido.
?Ação desastrosa?. No olhar da polícia, um terrível engano. Para a família de Rafaeli, não há engano que justifique esta barbárie que não tem limite no Paraná e no Brasil. Como explicar para quem amava a menina de apenas 20 anos que ela foi morta por engano por policiais? Que ela não tinha feito nada, mas mesmo assim foi alvejada? Que os responsáveis pela segurança (?) pública no Estado lamentaram o fato?
?Ação desastrosa?. Que alento terão todos os familiares, que alento terá a cidade de Porto Amazonas? Eles, agora, sabem que não estão plenamente seguros. Que a qualquer momento algum representante da segurança pode invadir seu recinto e, ao procurar algum suspeito, cometer algum engano irreparável.
?Ação desastrosa?. Rafaeli Ramos Lima, no final das contas, será apenas mais um número das tristes estatísticas da violência no Paraná. Ela morreu sem ter culpa, assim como tantos outros, e depois de certo tempo, passada a revolta, será esquecida, deixada de lado. Ela ficará apenas na memória dos que sempre a amaram. Na memória de Diogo Soldi, que dirigia o Gol e que também levou um tiro.
?Ação desastrosa?. Desastre, na verdade, é ver que situações tristes como a de domingo se repetem indefinidamente, e nada muda.