Fortaleza (AE) – Ladrão que rouba ladrão. Um bando formado por cerca de dez homens seqüestrou a mulher de um dos presos acusados de participação no furto milionário ao Banco Central (BC), em Fortaleza. Foram levados do BC R$ 164,7 milhões no primeiro fim de semana de agosto.

continua após a publicidade

Marli, mulher do ex-vigilante da Corpvs, Deusimar Neves Queiroz, que está detido na carceragem da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Fortaleza, foi levada pelos bandidos na sexta-feira (18) e só foi localizada hoje, na na casa de familiares, em Irauçuba, a 148 quilômetros da capital cearense.

Os seqüestradores de Marli fugiram com parte do dinheiro furtado do BC. Ela estava em casa, no bairro Olavo Oliveira, periferia de Fortaleza, quando o grupo que se identificou como policiais federais, armados com pistolas e fuzis, a rendeu com os filhos. Ameaçaram matar os filhos do casal se ela não revelasse onde estava o dinheiro obtido com o furto do BC. De acordo com a polícia cearense, a mulher do ex-vigilante foi levada pelo grupo, na sexta-feira, até a cidade de Irauçuba.

Lá Marli foi vista descendo, algemada, em frente a uma casa de uma ex-cunhada, localizada no Centro. Ela mostrou um buraco feito em um terreno localizado ao lado do imóvel, que pertence a Olgarina Fernandes da Cunha. De acordo com depoimentos de vizinhos, os homens se identificaram como policiais.

continua após a publicidade

Do buraco foram retirados canos de PVC lacrados. Dentro deles havia parte do dinheiro furtado do BC. A polícia ainda não sabe a quantia exata. Acredita-se que Deusimar tenha ficado com algo entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão. Os canos foram queimados e o bando fugiu em três carros, um Gol vermelho de placas LVX-6803 uma Parati prata de placas HVC-7839 e um Gol preto placas KEP-0644. Todas as placas, segundo a polícia cearense, são frias.

O delegado federal Antônio Celso dos Santos, que acompanha o caso, não descarta a possibilidade de que o grupo que seqüestrou Marli também tenha feito parte da quadrilha que roubou o BC. A PF acredita em uma guerra interna na quadrilha, com uns roubando os outros.

continua após a publicidade

O ex-vigilante foi preso no dia 6 de outubro com R$ 240 mil depois de ter sido denunciado por uma cunhada à Polícia Civil. Ele é acusado de ter fornecido informações à quadrilha sobre a parte interna do cofre do BC de onde foram levados os R$ 164,7 milhões. Segundo depoimentos colhidos pela Polícia Federal dos cinco presos, em setembro, com R$ 12 milhões numa casa no Mondubim, em Fortaleza, cerca de 12 homens participaram da escavação do túnel por onde foi levado o dinheiro.

O dinheiro teria sido colocado em sacos de nylon. Cada um dos 12 "tatus" – como a polícia chama os escavadores – teria ficado com algo entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões. O restante do dinheiro teria ficado com os líderes da quadrilha. Em cada saca iam R$ 500 mil.

Até agora treze pessoas foram denunciadas por participação no furto milionário. Três das quais foram colocadas em liberdade. Entre elas, os irmãos Dermival e José Elizomarte Fernandes Vieira, donos da Brilhe Car, revendedora de veículos onde parte da quadrilha comprou onze carros. Os dois foram denunciados por crime de lavagem de dinheiro.

Suspeitos – A PF procura ainda Paulo Sérgio de Souza, nome falso utilizado pelo homem no qual estava registrada a empresa de fachada "P.S. Grama Sintética", na Rua 25 de Março, de onde partiu o túnel; Edgar Resende, o "Dênis", que seria o homem-ligação com o chefe da quadrilha paulista que planejou a invasão ao BC em Fortaleza; Antônio Jussivan Alves dos Santos, o "Alemão", um dos líderes e mentor da ação; Marcos Rogério Machado de Moraes, conhecido por "Rogério Bocão"; e Antônio Artênio da Cruz, o "Bode".

Do dinheiro furtado, apenas R$ 17,7 milhões foram recuperados pela polícia. No dia 7 de outubro, um grupo que também se identificou como policiais federais seqüestrou o traficante Luiz Fernando Ribeiro, o Fê, apontado pela polícia como um dos financiadores do furto milionário.

Fê foi levado quando saía de uma boate em São Paulo. A família dele chegou a pagar R$ 2,1 milhões aos seqüestradores para que o traficante fosse liberado. Mesmo assim, ele foi morto e o corpo encontrado dois dias depois na cidade de Camanducaia, em Minas Gerais. A polícia paulista prendeu o agente da Polícia Civil Sérgio Antônio dos Santos e o escrivão Renato Cristóvão. Eles são acusados pelo seqüestro de Fê.