O diretor licenciado do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), ex-sindicalista e homem de boas relações com a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), Jorge Lorenzetti, foi levado a Brasília não apenas pelas qualidades de churrasqueiro, mister desempenhado com esmero nos finais de semana em que o presidente prefere descansar na Granja do Torto.
Sabe-se agora que a decisão se deveu ao traquejo em executar determinadas funções que exigem, além do sangue frio, lauta dose de caradurismo e muita disposição para tomar banho em charcos.
Não fossem os leitores dignos de inteiro respeito, poderíamos esclarecer de modo mais escatológico esse ponto de vista, valendo-nos das palavras recém-pronunciadas pelo ator Paulo Betti, ao justificar os métodos assumidos por dirigentes partidários. Segundo ele, não se faz política sem enfiar a mão em excremento, embora a vulgaridade da expressão usada nos impeça de repeti-la.
A descoberta do dossiê a ser entregue pela ?famiglia? Vedoin por R$ 1,7 milhão a figuras dos esgotos petistas, para a ilusória façanha de tirar votos de Serra em São Paulo, com algum benefício para Aloizio Mercadante, homem marcado para sofrer a mais desmoralizante derrota de quantas o PT possa vir a engolir País afora, é um exemplo solar da sujeira existente em alguns cafofos freqüentados por bons amigos do Planalto.
Lorenzetti foi levado a Brasília para garantir mão-de-obra especializada em certos assuntos aprendidos ao longo da militância sindical em Santa Catarina. Não se sabe como chegou ao cargo de diretor do Besc, mas se compreende perfeitamente a condição de ?analista de riscos de mídia? na atual campanha petista.
Convenhamos: diante da escolha de Lorenzetti para responder por uma função da qual pouco se sabe, e até pela rebarbativa tabuleta colocada à porta de sua sala, têm os mortais comuns pleno direito de questionar com que méritos e dados curriculares a pessoa em foco veio a ocupar espaço tão próximo ao chefe da nação. Aliás, o mesmo vale para Freud Godoy, Gedimar Passos, Valdebran Padilha, Expedito Veloso e Hamilton Lacerda, espécie de sapadores a serviço do diretório nacional do PT, tendo em vista o afastamento sumário do presidente Ricardo Berzoini, em tese o chefe da brigada suicida, da coordenação da campanha lulista e, decerto, a possível destituição da direção partidária.
O experimentado assador de picanhas do Torto foi ouvido pela Polícia Federal e não negou conhecer pormenores da trama do dossiê contra Serra, mas não assumiu a condição de boi de piranha, jogando a batata quente nas mãos de Lacerda, assessor de comunicação de Mercadante. Estratégia manjada entre petistas diplomados em sindicalismo, ambiente afeito à maquinação de patranhas e cambalachos mil, sempre que o poder corre riscos.
Aos poucos a sociedade percebe que a chegada de um ex-operário à chefia da nação não apenas serviu de exemplo para o mundo, mas ofereceu oportunidades para uma súcia de predadores cujo destino é passar uns tempos na vizinhança de Marcola e Fernandinho Beira-Mar -, embora esta seja grave ameaça aos talvez possíveis bons costumes da dupla.