Bandeirantes produz uva fina de mesa

A mutação, observada pelo viticultor Sebastião Braz Ferreira, de Bandeirantes, no seu parreiral com variedade rubi na safra de 2000, já responde por 15 hectares cultivados por 13 produtores rurais no município. Em 6 hectares colhidos neste final de safra, a média de produtividade está de 5 a 6 caixas (de 5kg cada) por planta. Borbulhas de enxertia já estão sendo cultivadas em diversos municípios do Paraná, dentre eles Marialva, Uraí e Assaí, e de São Paulo, como Pilar do Sul, Jales e São Miguel Arcanjo.

É a primeira colheita expressiva da uva rubi bandeirantes, apresentada na semana passada na sede da Associação de Desenvolvimento Comunitários das Três Águas – Adecot, em Bandeirantes, durante o encontro da uva fina de mesa, na presença de 110 participantes, vindos dos diversos municípios vitícolas do Paraná. Presentes também representantes de associações de viticultores, além do prefeito e secretário da Agricultura de Marialva, considerada o principal pólo paranaense da uva fina de mesa.

O evento, promovido pelo Governo do Paraná, através da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento e Programa Paraná 12 Meses e realizado pela Emater, Secretaria Municipal de Agricultura e Adecot, serviu também para um amplo debate entre os viticultores com especialistas, visando unificar procedimentos para a comercialização segura da safra, promover maior integração entre as associações de produtores de uva fina de mesa e de uva rústica e incentivar a adoção de novas tecnologias do setor.

Para o engenheiro agrônomo Élcio Felix Rampazzo, implementador do Projeto Frutinorte, da Emater, além do lançamento da rubi bandeirantes, ?foram apresentadas novidades importantes, como o decreto do prefeito de Marialva para coibir e punir a comercialização da uva verde com brix (teor de açúcar) abaixo de 14.º, o cultivo da uva sem semente como oportunidade futura, a adoção do plástico branco que reduz a ocorrência de doenças aos frutos e folhas durante o período chuvoso e como conseqüência permite reduzir o uso de agrotóxicos?.

Ao receber em nome dos 96 associados, sendo 75 viticultores, da Adecot uma placa de homenagem das mãos do prefeito José Fernandes da Silva, pela entidade promover a multiplicação da uva rubi bandeirantes, seu presidente Wanderley Aparecido da Silva destacou as qualidades mercadológicas da fruta. ?É planta de ótima produção e as bagas de coloração mais escura em relação à Rubi tradicional. A cor chega mais rápido e a espera fica só no aumento do brix, colhida acima de 14.º. Os tradicionais compradores da uva de Bandeirantes só querem ela, pelos atrativos da cor e da doçura, qualidades exigidas pelos consumidores. É comercializada com 10% a 20% acima do preço da rubi comum, direto na propriedade?, assegura Wanderley, que faz um alerta aos futuros viticultores dela para que ?sejam conscientes e só colham no brix certo, evitando queimar a boa imagem conquistada por ela no mercado comprador?.

A viticultura de Bandeirantes, nascida na década de 70, após a decadência do algodão, com incremento de área nos anos 80s, é hoje desenvolvida por 105 viticultores que cultivam 220 hectares para a produção de 22 toneladas por hectare em cada safra, a normal colhida de novembro até janeiro e a temporã, colhida de abril até junho. São produzidas no município uvas das mutações da itália, como rubi, benitaka, brasil e a atual rubi bandeirantes..

PR tem 2,5% da produção nacional

O Paraná participa com 2,5% da produção frutícola nacional, cultivando 60 mil hectares e colhendo 1,4 milhão de toneladas que totalizam um Valor Bruto da Produção na ordem de R$ 470 milhões, gerando 70 mil postos de trabalho e proporcionando a renda bruta média de R$ 6,7 mil por hectare, afirma Rampazzo.

A viticultura paranaense (agregando uva fina e uva rústica) ocupa 6.301 hectares, para a produção de 90.199 toneladas que resulta em R$ 97,6 milhões de Valor Bruto da Produção. No caso específico da uva fina de mesa são 4.446 hectares cultivados por 3.705 viticultores, com 9.781 empregos diretos, e produção anual em duas safras de 75 mil toneladas.

Para Rampazzo o cenário atual da uva fina de mesa é de pequena redução de área, ?embora isto possa significar estabilização do espaço produtivo?. Aponta ainda que há muita oferta e com baixa qualidade de fruto, ?o que provoca perda de mercado?. Analisa que está ocorrendo um sensível aumento de área em outras regiões do País e que ?para ser competitivo o viticultor tem que buscar conhecimento… aprender, aprender, aprender?.

O enfrentamento aos novos desafios da atividade passa, segundo Rampazzo, pela organização dos viticultores ?para sobreviver e conquistar novos mercados?. No seu pronunciamento técnico, alertou os participantes do Encontro de Bandeirantes, para olharem com atenção os nichos de mercado com tendência de crescimento; produzirem em escala que permita obtenção de menores custos de produção; negociem diretamente com o comprador os padrões de qualidade e cronograma de entrega; mantenham constância nas quantidades, qualidades e embalagens negociadas; mantenham os preços acordados, mesmo que as cotações de mercado oscilem no curto prazo; sejam rigorosos no controle dos custos de transporte; tenham o máximo de cuidado com resíduos de agrotóxicos; informem os consumidores sobre as qualidades nutricionais; rotulem bem as embalagens e mantenham-se unidos.

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