São Paulo – A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) e a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) encaminharam ao governo federal, no encerramento do ano passado, uma proposta relativa à aplicação dos recursos da caderneta de poupança captados pelas instituições financeiras privadas em financiamento imobiliário que prevê crescimento de 43% desse crédito ao longo de 2006. A meta de aplicação, válida de janeiro a dezembro, é de pelo menos R$ 6,7 bilhões, sem levar em conta os R$ 2 bilhões em recursos da poupança disponíveis na Caixa Econômica Federal (CEF), ante os R$ 4,7 bilhões que devem ter sido direcionados no ano passado.

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De acordo com o diretor-geral da Abecip, Osvaldo Correa Fonseca, a proposta ainda tem de ser aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que se reúne no dia 26, a exemplo do que ocorreu com os acordos firmados por bancos e construtores em 2005. "Como a meta vale inclusive para janeiro, é possível que o governo convoque uma reunião extraordinária antes do final do mês", adiantou Fonseca. "O que propusemos foi um valor mínimo. Resta saber se o governo vai aceitar."

Segundo o presidente da CBIC, Paulo Safady Simão, o valor estabelecido levou em conta estudos realizados pelas duas entidades que apontaram um cenário positivo para a construção civil e o crédito imobiliário neste ano. A expectativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em torno de 4% e de até 5,1% no produto da construção, além da queda da taxa básica de juros para 15,5% ou 16% até o final do ano, conforme Simão, deram base à projeção. "Principalmente no primeiro semestre, a performance do crédito imobiliário deverá ser bastante superior à apurada no mesmo período do ano passado", comentou.

De janeiro a novembro, segundo os dados mais recentes da Abecip relativos ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), o volume contratado para o financiamento imobiliário alcançou R$ 4,2 bilhões, equivalente a crescimento de 61,3% sobre os mesmos 11 meses de 2004. Naquele mês, conforme a entidade, foi registrado o melhor desempenho mensal da história do SBPE, com empréstimos de R$ 618,42 milhões (alta de 79,5% sobre novembro de 2004). Para o acumulado do ano, a expectativa é a de incremento de cerca de 57% sobre os R$ 3 bilhões contratados em 2004.

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As duas entidades chegaram a um acordo sobre as metas válidas para 2006 após a retirada, da proposta original, do trecho que propunha que os valores direcionados pelos bancos no ano passado e que excederam as metas trimestrais e semestral fossem computados neste exercício. Além dos recursos da poupança dos bancos privados e da CEF, o setor de habitação contará com outros R$ 6,8 bilhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). "O setor terá pelo menos R$ 16 bilhões no próximo ano", destacou Simão.