Bancos continuam elevando juros apesar da queda da Selic

Brasília – O crédito ficou mais caro para o consumidor em janeiro. Apesar da queda dos juros básicos economia (Selic), que vem ocorrendo desde o ano passado, quem precisou de financiamento bancário para adquirir um bem ou saldar uma dívida pagou mais caro por isso, no mês passado, do que em dezembro.

De acordo com os dados divulgados hoje (22) pelo Banco Central, a elevação das taxas ocorreu de maneira generalizada, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas. A taxa de financiamento de veículos, por exemplo, aumentou 0,5 ponto porcentual de dezembro para janeiro, batendo em 35,3% ao ano, enquanto que no crédito pessoal o aumento alcançou 1,6 ponto porcentual, chegando a 68,9% ao ano.

Segundo o chefe do Departamento Econômico (Depec) do BC, Altamir Lopes, o principal motivo para a puxada nas taxas de juros foi a elevação do spread praticado pelas instituições financeiras. O spread é a diferença entre a taxa que os bancos pagam pelos recursos captados entre os clientes e a taxa que cobram pelos empréstimos. Segundo Lopes, a taxa de juros para quem precisou de crédito subiu apesar da redução da taxa de captação, o que significa que os bancos estão ganhando mais na diferença.

De acordo com os dados do BC, o spread médio praticado pelos bancos, considerando todas as operações, subiu de 36,5 pontos porcentuais, em dezembro, para 37,8 pontos em janeiro passado. O spread varia de acordo com o tipo de operação. Em janeiro, ele variou entre um mínimo de 5,5 pontos de porcentagem, nas linhas de crédito mais baratas para pessoas jurídicas, até 131,6 pontos no cheque especial das pessoas físicas.

O aumento da procura por crédito em janeiro pode ter favorecido a elevação do spread bancário. De acordo com Lopes, a demanda por crédito nessa época sobe por causa da necessidade de financiamento das famílias para pagar encargos escolares e alguns impostos. Para as pessoas físicas, o volume de crédito livre, ou seja aquela parcela que os bancos podem emprestar livremente em qualquer carteira, passou de R$ 190,45 bilhões em dezembro para R$ 194,73 bilhões no mês de janeiro.

No caso das empresas, contudo, o saldo dos financiamentos caiu 1 1%, baixando de R$ 213,56 bilhões em dezembro para R$ 211,27 bilhões em janeiro. O motivo, segundo Lopes, foi a valorização do real frente ao dólar, que levou muitas empresas a tomar crédito no exterior e resultou na queda do volume emprestado em reais.

Pelos dados do BC, até o crédito consignado, que tem a prestação descontada diretamente do salário do trabalhador, e por isso sai mais em conta, ficou mais caro em janeiro: a taxa passou de 36 4% em dezembro para 37,3% ao ano. O juro do cheque especial, que é disparado o maior entre as operações pesquisadas pelo BC, também subiu 0,3 ponto porcentual atingindo no mês passado 147 8% ao ano. Para as pessoas físicas a modalidade de crédito que apresentou a maior elevação na taxa de juros foi a do Crédito Direto ao Consumidor (CDC), cuja taxa passou de 81,3% para 86% ao ano, um aumento de 4,7 pontos porcentuais.

A situação dos juros não foi diferente para as empresas. Embora elas tenham demandado menos crédito que as pessoas físicas, também pagaram mais para obter um financiamento no banco. A taxa do crédito para capital de giro, por exemplo, subiu 2,4 pontos porcentuais no mês, alcançando 37,1% ao ano. O aumento das taxas não foi acompanhada pela inadimplência, que registrou uma elevação discreta de 0,2 ponto porcentual, tanto para as empresas quanto para as pessoas jurídicas.

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