Belo Horizonte (AE) – O Banco Rural anunciou hoje o corte de 677 funcionários (de um total de 1.825) e o fechamento de 28 das 72 agências no País – uma redução de 37% do tamanho da empresa, preço que ela está pagando após seu envolvimento nas denúncias do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e depoimentos do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
Do total de funcionários desligados, 412 aderiram ao Programa de Demissão Voluntária (PDV), lançado em agosto. A maior parte foi dispensada ontem (26). As agências serão desativadas em 30 dias. Os ativos, segundo a vice-presidente de Suporte Operacional do Rural, Ayanna Tenório Torres, foram reduzidos de R$ 4,8 bilhões, no ano passado, para R$ 1,7 bilhão.
Na sede, em Belo Horizonte, foram demitidos 242 funcionários e fechadas duas agências. Em São Paulo, serão desativadas outras sete, com o afastamento de 111 empregados. Haverá cortes também em Sorocaba, Araras, São José do Rio Preto, Jundiaí, no interior de São Paulo, e Santos (SP), na regional Rio de Janeiro/Espírito Santo, na Região Nordeste, no Paraná, no Rio Grande do Sul e em Tocantins.
O Rural pretende fechar 2005 com orçamento anual de custos da ordem de R$ 292 milhões – um resultado, aproximadamente, 15% superior à meta do início do ano (R$ 254 milhões), devido aos gastos previstos com a mudança estrutural e dispensa de empregados. O banco pode também vender sua frota de aviões – três jatinhos e um Cessna. No início da crise do mensalão, o banco foi acusado de cedê-los para viagens de Valério e do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares. "Tudo o que for necessário será feito", afirmou Ayanna, ainda sem saber quanto poderia ser arrecadado nessa operação. O banco planeja também se desfazer de prédios onde funcionam sedes regionais. A intervenção do BC no Banco Santos, em novembro, tornou menos atraentes as instituições de pequeno e médio porte do País e afetou a liquidez do mercado bancário. Calcula-se que o Rural tenha perdido, em 45 dias, cerca de R$ 1,8 bilhão em ativos.
