Após acumular um prejuízo de R$ 102,593 milhões em dois anos, o Banco Popular do Banco do Brasil (BB) deve começar a apresentar seus primeiros resultados positivos no segundo trimestre deste ano. "Não sei se conseguiremos fechar o primeiro semestre no azul. Mas certamente alguns meses deste semestre já serão positivos", comentou o presidente do Banco Popular, Robson Rocha em solenidade de lançamento do cartão de débito do banco voltado para o atendimento da população de baixa renda numa agência da cidade de Taguatinga (DF).
Para o resultado final do ano, a expectativa de Rocha é de lucro o primeiro desde a criação do Banco Popular em julho de 2004.
Para sair do vermelho, o banco teve de passar por um duro processo de ajuste das suas estruturas. "O banco já chegou a ter cerca de 4 mil pontos de atendimento. Hoje trabalhamos com 2,7 mil pontos", disse o presidente do Banco Popular.
Outro foco do ajuste foi a despesa com pessoal do banco. "No ano passado, conseguimos reduzir os gastos com a folha de salários em 25%", comentou. A redução, de acordo com Rocha, não foi obtida pela diminuição de empregados do banco. "O que fizemos foi uma readequação do quadro de pessoal para termos funcionários com vencimentos menores", explicou. O resultado do esforço já começou a ser sentido no ano passado, quando o prejuízo do banco teve uma queda de 35% em relação a 2005 e ficou em R$ 40,476 milhões.
A alta taxa de inadimplência dos empréstimos concedidos pelo banco, entretanto, ainda continua a ser uma fonte de preocupação. "Trabalhamos para termos uma taxa de inadimplência abaixo dos 10%", afirmou o presidente do Banco Popular. Hoje, o nível de atraso das operações de crédito do banco está em torno dos 23%. "A inadimplência já foi maior. Já chegou aos 30%", disse Rocha.
A queda, de acordo com o presidente do Banco Popular, foi propiciada pelas medidas adotadas no ano passado para melhorar a qualidade do crédito do banco. "Antes das medidas, havia a abertura automática de um crédito de R$ 50,00 para os nossos clientes. Agora só concedemos o empréstimo depois que o cliente permanecer pelo menos 90 dias conosco", disse.
A inadimplência é mais alta, de acordo com o presidente do Banco Popular, nos Estados da Bahia e do Ceará.
Com 60% do seu público nos Estados da Região Nordeste, o Banco Popular tem hoje um estoque de R$ 65 milhões em empréstimos concedidos aos seus 1,3 milhão de clientes de baixa renda. "No total são 2.950 contratos de empréstimo com um valor médio de aproximadamente R$ 150,00", disse.
Presente à solenidade de lançamento do cartão de débito, o pequeno comerciante Francisco de Assis Lopes, 44 anos, diz que até já perdeu a conta do número de empréstimos feitos no Banco Popular. "Eu lembro que o primeiro foi de R$ 50,00 e o último chegou aos R$ 300,00", disse o pequeno comerciante que mora na cidade de Águas Lindas, na região do entorno de Brasília. O dinheiro, de acordo com Lopes, foi usado na compra de material para ajudar no seu negócio de venda de bolos e salgados.
Após o lançamento do cartão de débito, o presidente do Banco Popular disse que o próximo passo será dar aos clientes da instituição a possibilidade de usar os terminais de auto-atendimento do BB. A expectativa, de acordo com Rocha, é que isto possa acontecer até o final do primeiro semestre do ano. "Hoje os saques só podem ser feitos nas agências do próprio Banco Popular", disse.
A introdução do cartão de débito, de acordo com Rocha, ajudará o cliente manter os recursos na conta por mais tempo. "Sem o cartão de débito, o dinheiro costumava a ser sacado das contas de imediato", disse. Feliz com o novo cartão, o pequeno comerciante de Águas Lindas espera poder usá-lo já no próximo sábado. "Vou usar no supermercado", disse. No início, apenas 400 mil clientes do banco receberão o cartão. "Até o final do ano, alcançaremos o total de 1,3 milhão de clientes", afirmou o presidente do Banco Popular.
