Brasília (AE) – O Banco do Brasil (BB) subiu de tom e voltou a rebater hoje as acusações de que dificulta o fornecimento de informações às comissões parlamentares de inquérito (CPIs) do Congresso e ao Tribunal de Contas da União (TCU). "O Banco do Brasil não admite qualquer inferência de que estaria sonegando, manipulando ou dificultando o fornecimento de informações de qualquer espécie, tanto às CPIs, quando ao TCU, publicadas nos últimos dias", afirma nota, divulgada hoje pelo banco. Os parlamentares reclamam que os dados que chegam do BB são insuficientes e inconsistentes.
No dia 26, a assessoria da instituição financeira havia respondido às críticas dos parlamentares, depois que o líder do PT no Senado e presidente da CPI dos Correios, Delcídio Amaral (MS), reclamou da instituição ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
No comunicado divulgado hoje, a estatal informa que, desde o início dos trabalhos das comissões, de acordo, montou uma força-tarefa para trabalhar em tempo integral, até mesmo nos fins de semana, com o objetivo de dedicar-se à organização de cópias de documentos e recuperação de dados. O texto informa que foram geradas cerca de 600 mil linhas de informações para as CPIs. Esses dados produziram 23.500 cópias de documentos obtidos nos diversos arquivos do banco no País.
"Para se ter uma idéia do volume de dados apurados e transmitidos às CPIs, somente neste fim de semana, foram gerados 173 mil registros, correspondentes a 63 contas correntes existentes no BB", diz a nota.
Para gerar essas informações, diz o BB, foi necessário pesquisar um período de cinco anos (de 2000 a 2005), equivalente a mil dias úteis, com uma média de 50 milhões de lançamentos diários. "A pesquisa rastreou 50 milhões de lançamentos, exigindo, para tanto, o desenvolvimento de cem novos programas. Cada conta pesquisada aciona 51 diferentes sistemas de produtos existentes no banco", diz a nota. De acordo com o BB, por causa da amplitude, complexidade e limites mínimos de valor, relacionados ao conjunto de informações pelas CPIs, foram necessários trabalhos especiais de programação e processamento de informações.
O BB é alvo indireto da investigações da CPI, depois que o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), em depoimento à Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, disse que parte do dinheiro que circulava para abastecer o suposto "mensalão" tinha a cinta da instituição. Essa declaração obrigou o BB a emitir uma nota, explicando que a instituição atua, por delegação do Banco Central (BC), como supridor de numerário para todo o sistema financeiro. Portanto, segundo o BB, nada mais natural que o dinheiro tenha a cinta identificadora do banco, não sendo, necessariamente, originário de saques na instituição. O BB admitiu empréstimos para o PT e iniciou um processo de despolitização da instituição. Mais recentemente, o diretor de Marketing, Henrique Pizzolato, teve de pedir aposentadoria antecipada para não ser exonerado.
