O vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Ricardo Conceição, disse que, depois de dois anos consecutivos de crise no campo, a expectativa é de recuperação do setor agrícola a partir de 2007 – apesar de o momento ainda ser "difícil" para a agricultura brasileira. "O setor vai iniciar a retomada do crescimento a partir do ano que vem", disse ele, ao anunciar ontem a liberação de R$ 7 bilhões em outubro para custeio, investimento e comercialização da safra 2006/2007. Nos quatro primeiros meses do ano-safra, que começou em 1º de julho, as liberações do banco devem somar R$ 12 bilhões, volume 37% superior ao de igual período de 2005/2006.
Conceição citou três razões para apostar na melhora da situação no campo. A primeira é a redução de 20,3% nos custos médios de produção na safra 2006/2007 em comparação com o ano-safra anterior, resultado da queda dos preços dos insumos usados nas lavouras. Levantamento feito pelo banco mostra que a redução nos preços dos fretes internacionais e a valorização do real frente ao dólar (R$ 2,27 em outubro de 2005 para R$ 2,14 em outubro deste ano) compensaram o aumento das cotações dos fertilizantes no mercado internacional. "Esse quadro facilitou as importações de insumos, basicamente fertilizantes e bases químicas", disse.
Outro fator positivo, disse Conceição, é a sinalização de melhora nos preços de venda dos produtos agrícolas no ano que vem. Ele citou algodão e soja como exemplos. Também do lado positivo está a renegociação das dívidas de custeio e investimento das safras 2004/2005 e 2005/2006, medida anunciada pelo governo em maio. Até ontem, o banco tinha prorrogado o vencimento de 247 mil contratos, o que representa 93% do total pedido pelos produtores até o período limite de 31 de julho. Em valores, a renegociação totaliza R$ 5 bilhões.
Até o final de outubro, quando termina o prazo para que os bancos concluam o processo de renegociação, o banco terá permitido a renegociação de mais R$ 1 bilhão, sendo R$ 250 milhões referentes às dividas dos produtores de Mato Grosso, R$ 200 milhões do Paraná, R$ 100 milhões do Rio Grande do Sul e outros R$ 100 milhões de Mato Grosso do Sul. Ele não quis fazer previsões sobre queda na área plantada, mas disse que a produção física deve se repetir em 2007.
"Tudo depende do clima", disse. Na safra 2005/2006, a safra brasileira de grãos foi de 119,949 milhões de toneladas, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).