Banco Central reduz projeção de crescimento nos três setores

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua, informou que na nova projeção de crescimento para 2006 houve redução nas estimativas de expansão para todos os três setores. Para a indústria, a projeção passou de 4% para 3 3% de crescimento, em serviços de 2,8% para 2,4% e em agronegócios de 3,0% para 2,8%.

Apesar da redução na projeção para o PIB de 3,5% para 3%, Bevilaqua comemorou o fato de o Brasil, pela primeira vez, desde o início da série em 1992, crescer por 12 meses em trimestres seguidos. O diretor afirmou que os indicadores econômicos mostram que nos próximos trimestres haverá uma aceleração no nível de atividade, que vai culminar em uma expansão do PIB de 3 8% no ano que vem.

Na estimativa para 2007, o BC espera um crescimento de 4,7% na indústria, 3,7% no agronegócio e 2,4% nos serviços. Nessa projeção para o PIB, ele considera que haverá uma contribuição positiva de 4,7% da demanda interna e uma contribuição negativa de 0,9% na demanda interna.

Pacote

A projeção de crescimento para 2007 não contempla os possíveis efeitos das medidas de estímulo ao crescimento, que o governo anuncia a partir de amanhã, esclareceu Bevilaqua. "Não conhecemos ainda as medidas. Dessa maneira, elas não podem ser incorporadas em projeções desse tipo", disse Bevilaqua, que chegou a dizer que "o que se tem hoje (a projeção de 3,8%) é uma avaliação preliminar, com base nos dados que temos até hoje".

Além disso, acrescentou, as previsões de PIB são naturalmente mais sujeitas a erros do que outras variáveis macroeconômicas, como por exemplo a inflação.

Questionado se com as medidas o País poderia crescer a taxas de 5% ao ano, como quer o governo, Bevilaqua disse que não poderia responder a tal pergunta, uma vez que ainda não conhece as medidas. Por insistência dos jornalistas querendo saber se é possível crescer a tais taxas com as medidas, ele disse que o próprio relatório de inflação vislumbra um leque amplo de hipóteses para o comportamento do PIB em 2007, dependendo das variáveis a serem consideradas.

Como de praxe, quando questionado sobre as avaliações de que o BC foi excessivamente conservador na condução da política monetária – dado não só uma inflação constantemente revisada para baixo mas também o PIB -, Bevilaqua disse que a política monetária está dando a contribuição que "pode e deve dar" para o crescimento sustentável em médio e longo prazo. "As vezes se acha que tudo o que acontece na economia é a política monetária. Há, no entanto, fatores que extrapolam esta ação", afirmou, citando como tais exemplos a elevada carga tributária, a burocracia e o ambiente de negócios no País. Quando questionado sobre o impacto da carga tributária nesse sentido, Bevilaqua respondeu que ele "não é independente do padrão de gastos que a sociedade escolhe ter".

Num breve comentário sobre os compulsórios praticados no sistema bancário, Bevilaqua disse que, assim como já havia se manifestado, os compulsórios no Brasil são mais elevados do que em outros países, "mais elevados do que gostaríamos no médio prazo". Ele enfatizou, entretanto, que por prática o BC não antecipa eventuais decisões de política monetária.

Tailândia

As repercussões das medidas adotadas na Tailândia não foram significativas no mercado brasileiro, afirmou Bevilaqua. "O prêmio de risco Brasil ficou estável, houve até uma pequena melhora na margem, o que mostra o aumento da capacidade de resistência a choques", disse. "Os efeitos no Brasil inicialmente não parecem significativos, mas é preciso aguardar algumas semanas", acrescentou o diretor do BC.

Ele lembrou que, no passado, em situações de volatilidade no mercado internacional, os ativos brasileiros eram os que mais sofriam, mas este ano, já durante a turbulência de abril e maio, a situação se mostrou diferente e os ativos brasileiros foram menos afetados do que os de outros países. "Os investidores sabem diferenciar e ver que a economia brasileira tem uma situação melhor de balanço de pagamentos", disse Bevilaqua.

Cargo

Bevilaqua não quis responder se gostaria de continuar à frente da atual função que ocupa, a partir de 2007. Segundo ele, a discussão sobre a diretoria do BC vem depois da definição de quem será o presidente do banco, o que ainda não ocorreu.

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