Banco Central divulga nota com críticas ao presidente do BNDES

Brasília – Em nota oficial, o Banco Central (BC) criticou o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, por ter usado a imprensa para reclamar da política de juros conduzida pelo BC. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Mantega responsabilizou o Comitê de Política Monetária (Copom), e particularmente, o diretor de Política Econômica do BC, Afonso Bevilaqua, pela queda de 1,2% no Produto Interno Bruto (PIB) do País no terceiro trimestre do ano em relação ao segundo. "O Banco Central lamenta que integrantes do governo utilizem a imprensa para criticar políticas do próprio governo", afirmou hoje (4) a direção do BC, em nota oficial.

O presidente do BNDES culpou unicamente do BC pelo PIB negativo, sendo mais taxativo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros ministros que consideraram a queda um resultado não só dos juros altos, mas também da crise política. "O que houve foi mesmo excesso de zelo do BC, principalmente de alguns diretores, particularmente o Afonso Bevilaqua.", afirmou Mantega. "No BNDES não apareceu nenhum empresário dizendo que ia postergar investimento por causa da crise política", acrescentou em outro trecho da entrevista.

Na nota, a direção do BC voltou a negar que haja divergências entre a instituição e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que calcula os resultados da economia. Segundo informações que circularam no final da semana, os diretores do BC teriam criticado a forma de cálculo do PIB e atribuído o número ruim a um "erro" do IBGE que seria revisto em breve. Os presidentes do BC, Henrique Meirelles, e do IBGE, Eduardo Pereira, negaram os relatos. O BC aproveitou a nota oficial para também defender o diretor Afonso Bevilaqua dos ataques de Mantega, ressaltando que "as decisões do Copom (sobre a trajetórica dos juros) são tomadas de forma colegiada pelos diretores e o presidente do BC".

A semana passada foi marcada pela divulgação do crescimento negativo da economia no período de julho a setembro, em relação ao trimestre anterior, e pela troca de acusações dentro do governo em busca de culpados. O dilema entre a evolução do PIB deste ano, o controle da inflação e uma redução mais rápida dos juros passou a dominar as rodas de discussão dentro do governo e as expectativas dos analistas de mercado.

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