Banco Central deve acelerar queda dos juros, diz Loyola

São Paulo – O ex-presidente do Banco Central e sócio-diretor da Tendências, Gustavo Loyola, disse hoje (10) que o resultado da produção industrial de novembro, anunciado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), poderá levar o Banco Central (BC) a rever o ritmo de queda da Selic para um corte de 0,75 ponto porcentual, "no máximo". A produção cresceu 0,6% em comparação a outubro e ao mesmo período do ano anterior. "O resultado ficou muito aquém da própria previsão do Banco Central. Na verdade, a produção se recupera de forma muito lenta e provavelmente significa um número aquém das expectativas de dezembro", analisou. Para Loyola, o resultado do IPCA de dezembro, que sai quinta-feira, deve reafirmar a tranqüilidade do BC com a inflação e endossar a necessidade de cortes mais fortes.

Apesar do resultado da produção industrial, Loyola se mantém otimista em suas projeções para 2006. "Na presença de juros reais menores e na continuidade de uma situação internacional favorável, a economia brasileira tem todas condições para apresentar uma taxa de crescimento acima da verificada em 2005, chegando a algo em torno de 3% a 3,5% do PIB. Isso se o Banco Central continuar derrubando os juros", ressaltou, em entrevista à Agência Estado.

Para ele, as eleições presidenciais deverão também ocorrer sem turbulências no mercado, como em 2002. "Em princípio não espero grandes efeitos sobre a economia. Tudo indica que teremos uma eleição polarizada entre o presidente Lula e uma candidatura, por exemplo, do PSDB. E aí temos dois candidatos cujas políticas econômicas são mais ou menos conhecidas. Tudo indica que o ambiente vai ser bem menos complicado que quatro anos atrás", avaliou.

O ex-presidente do BC elogiou a atuação do Banco Central de Henrique Meirelles.

"O Banco Central tem acertado no fundamental, que é manter uma política bastante responsável", disse. Para ele, o BC também está correto em atuar no câmbio, mas com ressalvas. "O Banco Central também não deve ter uma postura muito agressiva e buscar a qualquer custo uma depreciação do real", observou. Segundo ele não há como ser "muito otimista" em relação à trajetória do câmbio. "O caminho mais rápido (para depreciação do real) seria uma queda mais agressiva das taxas de juros, o que pode acontecer a partir do resultado de produção industrial mais modesto.

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