O Palácio do Planalto precisará ceder a interesses individuais das bancadas no Congresso se quiser ver seus projetos aprovados. O apoio que o governo precisa neste momento para aprovar as linhas gerais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não deve vir dos representantes do setor rural. Eles reclamam que a área não foi inserida de forma direta no pacote.
Antes da eleição para o comando da Câmara e do Senado, na semana passada, a bancada ruralista, uma das que têm mais peso no Congresso, apresentou aos deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Aldo Rebelo (PC do B-SP), que concorriam à presidência da Câmara uma lista de prioridades para o campo. Entre elas, os parlamentares citaram a necessidade de agilizar as análises para pesquisa e uso comercial de transgênicos e de o governo aceitar uma nova rodada de renegociação de dívidas do setor rural
Um outro assunto colocado na mesa foi a revisão dos índices de produtividade da terra para fins de reforma agrária, tema que tira o sono dos grandes produtores rurais do País e que os parlamentares querem que o governo ‘esqueça’.
A expectativa do deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) é de que Chinaglia, escolhido como novo presidente da Câmara, seja o grande articulador da agricultura junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas nem a possibilidade de abertura de diálogo entre o Congresso e o Executivo impedirá que a bancada ruralista, que sempre foi uma pedra no sapato de qualquer governo e que manteve a tradição no primeiro mandato do presidente Lula, defenda seus interesses. "Os assuntos estão na pauta e vamos cobrar uma posição do governo, não em tom de confronto, mas vamos cobrar", resumiu o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS).
Mesmo filiado a um partido que faz parte da base de apoio do governo no Congresso, Heinze diz que sua postura será a de "manter a mesma linha de defesa do setor agrícola". "O partido está apoiando o governo, mas eu não preciso estar alinhado com todas as idéias do partido ou atuar só na defesa dos interesses do governo", resumiu.