Os parlamentares da bancada ruralista deram mostras ontem, durante audiência especial de quase sete horas com ministros no plenário da Câmara dos Deputados, de que vão pressionar o governo para conseguir novas medidas para o setor em troca da aprovação dos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em coro, os ruralistas criticaram a ausência no programa do governo de medidas voltadas para o setor, afetado pela valorização do real frente ao dólar que diminui a competitividade das exportações brasileiras no mercado internacional
"Tem agência reguladora para tudo, mas não tem para o setor agropecuário", reclamou o deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO). O líder da oposição na Câmara, deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), um dos representantes do setor de comércio exterior, também endossou as críticas dos ruralistas. "Não há no PAC uma única linha voltada para o setor de agronegócios, que representa 40% do PIB brasileiro", afirmou.
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, por vários momentos da audiência reagiu às cobranças dos ruralistas afirmando que o PAC beneficia a todo o setor produtivo, inclusive o de agronegócios, porque prevê investimentos na infra-estrutura que aumenta a produtividade nacional. "O PAC não é um programa só para a indústria. É para todo o setor produtivo", afirmou a ministra.
O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, em entrevista após a audiência na Câmara, também comentou a pressão dos ruralistas: "Nós viemos com espírito aberto para debater e melhorar o que for possível. Agora não se pode ter esse espírito de tirar alguma coisa, de conseguir alguma coisa. O programa é importante para todos os setores", disse. Segundo Paulo Bernardo, com a melhora do sistema de logística, todos vão ganhar inclusive a agropecuária.