No dia 8, o deputado Paulo Henrique Lustosa (PMDB-CE) completou 39 anos, mas nem teve tempo de pensar no aniversário enquanto planejava um discurso triunfal mais à frente. Mas um ataque frontal do deputado Mendes Thame (PSDB-SP) à Fundação Nacional da Saúde (Funasa) o fez estrear fora da hora. Afinal, a Funasa é presidida por seu pai, Paulo Lustosa, ex-deputado e ex-ministro. Paulo Henrique Lustosa é um dos 28 deputados novatos que são filhos, irmãos ou cônjuges de políticos importantes. No Senado, são 3 nessa condição.
Eles estão prontos a perpetuar oligarquias que venceram séculos, como a dos Andrada – que nunca deixou de ter um representante no Parlamento, desde José Bonifácio, o Patriarca da Independência, ainda no reinado de d. Pedro I. Há as que já duram décadas, como a dos Sarney, dos Magalhães da Bahia e dos Maia do Rio Grande do Norte, ou as que agora estão começando, como a de Efraim Moraes (PFL), na Paraíba. Outros 23 parentes de políticos tradicionais já tinham mandato. É uma bancada de respeito, de partido grande.
A maioria de seus colegas recém-chegados de Paulo Henrique Lustosa é bem mais nova e não tem a mesma desenvoltura para falar em público. Nem de improviso. Aos 27 anos, Efraim Filho (PFL-PB) – filho do senador Efraim Moraes (PFL-PB), presidente da CPI dos Bingos, que funcionou no ano passado – subiu à tribuna da Câmara e leu todo o discurso. Agradeceu os votos que recebeu em outubro e prometeu que não vai se esquecer de sua Paraíba. "Agradeço a confiança ao povo paraibano, pelos 147.335 votos. Faço questão de mencionar até o último, de honrar cada um deles, de João Pessoa, passando por Santa Luzia, chegando a Cajazeiras, de todos os cantos e recantos da minha querida Paraíba. Foram eles que me concederam o direito e a oportunidade de ocupar hoje esta tribuna, na defesa dos interesses do meu querido Estado e do Brasil.
Contou com a solidariedade de Felipe Maia (PFL-RN), também um novato, que o aparteou. Felipe é filho do líder do PFL no Senado José Agripino Maia, que está no terceiro mandato de senador e foi por duas vezes governador do Rio Grande do Norte, além de prefeito de Natal. Também é neto de Tarcísio Maia que, como o filho Agripino, foi governador do Estado.
No aparte que fez a seu colega da Paraíba, onde está um dos ramos dos Maia – assim como no Rio de Janeiro, com o prefeito Cesar Maia e o deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ), seus primos – Felipe lembrou pesquisa divulgada pela revista "Veja" segundo a qual a população considera que deputados e senadores são vistos como "desonestos". Prometeu que fará de tudo para não entrar nessa lista.