Bancada do PT anuncia substitutivo ao relatório de Serraglio

A bancada de senadores e deputados do PT que integrante a CPI Mista dos Correios divulgou, há pouco, nota confirmando que apresentará um relatório em separado, chamado na linguagem parlamentar de "texto substitutivo global", com objetivo de substituir o relatório final apresentado na quarta-feira pelo relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).

A nota afirma que o texto do parlamentar paranaense tira algumas conclusões "destituídas de fundamento" e que outras abordagens dele "omitem aspectos relevantes da investigação". Diz, também, que o relatório petista vai incorporar os aspectos considerados consistentes pela bancada petista na CPI, eliminando o que ela considera equívocos.

"Pensamos ser inaceitável a apresentação de conclusões que não encontram base nos fatos, não têm provas efetivas e carregam claras deficiências jurídicas. De outro lado, em algumas de suas passagens, o relatório resvala para parcialismos políticos que podem enfraquecer a consistência e a credibilidade dos resultados oferecidos", afirma a nota dos petistas, ressaltando que a bancada do partido pretende contribuir para um relatório consistente.

A nota cita os pontos em que o PT discorda do relatório. No que diz respeito ao esquema de Marcos Valério, o PT considera o texto de Serraglio "contraditório e incoerente", porque não faz uma análise considerando que o esquema de financiamento político montado pelo empresário mineiro teve origem em 1997/98, na campanha da coligação PSDB/PFL encabeçada pelo atual senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), ao governo de Minas Gerais. De acordo com o PT, esse assunto é tratado perifericamente no relatório.

"Comprovou-se, nesta CPMI, que o PSDB de Minas Gerais foi o criador do valerioduto, engendrando um modelo de obtenção de recursos que, tanto em 1998 como em 2002, tinha por objetivo a captação de recursos ilegais para candidatos e partidos políticos", afirma a nota.

O PT questiona, também, o fato de o relator ter aceito como verdadeiros os empréstimos tomados para financiar a campanha do PSDB em Minas Gerais e falsos os empréstimos para o PT em 2002/2003. Sobre caixa 2, o PT considera "eleitoreira e demagógica a tentativa de vincular, sem quaisquer provas, o caixa 2 com o suposto mensalão". Afirma, ainda, que não há documentos e fatos que permitam a conclusão de que o PT tenha usado dinheiro para comprar o voto de parlamentares.

No substitutivo, o PT pretende, também, mudar a parte relativa aos indiciamentos, considerada parcial no relatório de Serraglio. Outro ponto que o substitutivo vai abordar é a parte relativa aos fundos de pensão. "O relatório tenta, sem provas concretas ou consistência técnica, criar vínculos entre os fundos de pensão e as fontes do valerioduto", sustenta a nota do PT, que contesta estas versão do relator.

O PT considera omisso, também, o relatório quanto ao empresário Daniel Dantas. Segundo o PT, há fartas evidências do envolvimento das empresas controladas pelo Grupo Opportunity, de Dantas, com o chamado esquema de Marcos Valério, fato que justificaria a necessidade de análise criteriosa e sigilosa de sua movimentação financeira, o que não foi feito no relatório final.

O PT contesta, também, as conclusões do relator da CPI dos Bingos que apontam a Visanet como fonte do valerioduto, afirmando que os repasses de recursos feitos de forma antecipada à DNA Propaganda, de Marcos Valério, ocorreram obedecendo as regras de aplicação do Fundo de Investimento Visanet.

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