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Analistas, diplomatas e estrategistas são unânimes em torno de um ponto: nem no segundo mandato de George W. Bush, iniciado ontem, a América Latina terá qualquer peso na formulação da política externa dos Estados Unidos, cuja preocupação ainda estará direcionada para a Europa e Oriente Médio.

Não se pode falar em interesse direto do governo norte-americano no contexto atual, em se tratando dos países do subcontinente, a não ser a manutenção dos fluxos de comércio bilateral, conquanto Tio Sam continue registrando a vantagem habitual, comparados os volumes e valores financeiros da exportação versus compras no exterior.

A genuína posição dos Estados Unidos em relação à América Latina foi definida pela nova secretária de Estado, Condoleezza Rice, que estreou na função classificando de pouco produtivo o governo Hugo Chávez, na Venezuela. Postura recorrente da diplomacia norte-americana para o bloco como um todo, salvo pequenas variações de tratamento, como se verificou no governo Carter.

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Opinam alguns que o Brasil poderá obter benefício comercial com os Estados Unidos, com a nomeação de Robert Zoellick para o cargo de subsecretário de Estado. No mandato anterior, Zoellick foi o principal representante do comércio norte-americano e fez boas relações com negociadores brasileiros. A lembrança é do ex-embaixador do Brasil em Washington, o experiente diplomata Rubens Barbosa.

Para o Brasil, a perspectiva é promissora, pois os Estados Unidos continuam gerando mais de 30% do nosso saldo comercial. O professor da UnB e diretor do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (Ibri), José Flávio Saraiva, admite: "A nova função de Zoellick pode facilitar o acesso de nossos produtos em áreas ainda não penetradas".

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Contudo, a evidência dos baixos teores de prioridade da América Latina nos corredores da Casa Branca percebe-se do simples arquivamento das discussões sobre a criação da Alca.