Baixo crescimento incentiva exportações, diz economista

Rio – Economistas ouvidos pela Agência Estado mostraram uma visão crítica da grande entrada de capitais estrangeiros no País e seus efeitos no câmbio. Para o responsável pelos boletins da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex), Fernando Ribeiro, a principal causa para o alto ingresso de dólares no País é que a economia brasileira está crescendo menos que a mundial, o que provoca grandes saldos comerciais.

Quando o crescimento de um País é menor que o do mundo, as exportações tendem a aumentar, segundo a teoria econômica. "É o efeito demanda", disse Ribeiro. No ano passado, a economia brasileira cresceu apenas 2,3%, resultado que na América Latina só superou o do Haiti. Na média, os países emergentes cresceram 6,5%.

O economista-chefe da Global Invest, Pedro Paulo Bartolomei da Silveira, também usa as comparações internacionais para observar que outros países tiveram grande entrada de recursos nos últimos anos e mesmo assim, suas moedas não se valorizaram tanto quanto o real. De dezembro de 2004 até hoje, o real se valorizou 16,25%, contra uma desvalorização de 6,74% de uma cesta de moedas dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos em relação ao dólar.

Para ele, a diferença está na atuação dos bancos centrais. "Há uma ação premeditada do Banco Central sobre o câmbio para deixá-lo se valorizar para combater a inflação", afirmou. "A Coréia tem superávit comercial muito maior que o nosso, tem um fluxo de capital muito maior que o nosso e a taxa de câmbio dela não se apreciou tanto. Por quê? Porque o Banco Central de lá compra dólares. E nem por isso a Coréia tem inflação elevada, populismo ou o nome que se dê", afirmou.

Para Ribeiro, "a taxa de câmbio atual é a de equilíbrio neste momento", mas isso não a impede de exercer uma influência negativa nas exportações. As vendas externas cresceram 22,6% em 2005 ante 2004, enquanto no mês passado o aumento das exportações foi de 12,8% em comparação com fevereiro de 2005, o que evidencia uma redução do ritmo de crescimento.

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