Não se sabe ao certo quem teria sido o criador da expressão transliterada com rara habilidade para definir a maioria dos membros da Câmara dos Deputados, grupo não inferior a dois terços a cada legislatura, cuja influência e contribuição para a grandeza da Casa e do processo legislativo é de uma invisibilidade gritante.

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Baixo clero é – em termos eclesiásticos – aquele grupo imenso de párocos e curas de aldeia jamais consultados sobre definições superiores em questões de fé ou doutrina, mas indispensáveis na disseminação, defesa e execução das ordens de cima. Parece que o termo passou a ser usado com mais intensidade na Assembléia Nacional Constituinte, onde reduzido número de parlamentares acabou impondo o espírito norteador da escrita constitucional. O grosso da tropa, ironicamente chamado de baixo clero, referendava e votava a favor.

Depois de algumas décadas, o grupo de deputados cujos nomes não são citados pela mídia, que não produzem uma só lei de real significado social e cujos pronunciamentos são peças raras nos anais, resolveu mostrar seu valor. A eleição do polêmico Severino Cavalcanti (homem que guarda dinheiro embaixo do colchão), pode ter desdobramento seqüencial daqui em diante.

O parlamento como proscênio do entrechoque das escolas de pensamento político, além de conservadores, liberais, social-democratas e esquerdistas, agora passa a representar-se também pela poderosa bancada do baixo clero. Os que quase nunca falam, mas aprenderam a agir na zona sombreada do conchavo, na permuta de favores, no jogo rasteiro da política varejista.

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É frustrante admitir que doravante o baixo clero deixa de ser massa de manobra, e pode passar a dar as cartas. O pior é que tal condição não caiu do céu.