Bailarino curitibano é selecionado para musical em Las Vegas

Há 10 anos, o bailarino curitibano Luciano Lazzarotto, de 25 anos, nem esperou a formatura solene do segundo grau. Após as últimas aulas no Colégio Estadual do Paraná, pegou um avião para os Estados Unidos. Queria aprimorar o dom descoberto quando, aos 12 anos, começou a dançar na Academia Petit Ballet. Agora foi selecionado, entre cerca de 800 interessados, para um dos papéis principais de "O Fantasma da Ópera", numa montagem do veterano diretor da Broadway Hal Prince para ser encenada no Hotel Venetian, em Las Vegas, cujo teatro recebeu investimento de US$ 40 milhões.

"Foi preciso quase uma década de dedicação e trabalho para alcançar meus objetivos", comemora. Na quarta-feira ele embarca para os Estados Unidos sem saber quando voltará para novas férias. Os ensaios começam em 24 de abril e a estréia oficial será no dia 24 de junho, com apresentações de segunda a sábado. "O contrato é aberto. Creio que deve ficar em cartaz pelo menos uma década", sonha Luke Lazzaro, seu nome artístico. No musical ele será o "mestre dos escravos", principal personagem para um bailarino na montagem.

Lazzarotto conseguirá finalmente reunir dança, interpretação e canto numa mesma peça, sonho que vinha acalentando desde que saiu do Brasil. Mas reconhece que terá que se empenhar mais no canto. Somente há dois anos ele começou a desenvolver essa arte. "Tenho que criar o hábito diário de praticar", diz. E quer caprichar nas músicas em que estará no coro. Afinal, a supervisão da montagem é do criador do musical, Andrew Lloyd Webber.

Uma realização pessoal para quem tinha o teatro como paixão desde a infância. Com a mãe, que é professora, costumava assistir a peças e atuava em algumas. O balé entrou em sua vida para melhorar a expressão corporal. A paixão foi imediata. "Vi que existia um trabalho naquilo, um método para a dança, uma simetria", afirma. Vendo que ele tinha talento, a direção do Petit Ballet levou-o em uma das excursões para Nova York em meados de 96.

Lazzarotto voltou com uma bolsa de estudo oferecida pela 2ª Companhia do American Ballet. No fim desse ano mudou-se para os EUA. Em função da idade e porque precisava de um local para morar, foi aconselhado a se transferir para a Escola América Ballet, da Nova York City Ballet. Nas férias, em vez de vir ao Brasil, costumava percorrer os Estados Unidos para cursos, aprendendo novas técnicas.

Dessa forma chegou ao San Francisco Ballet e Opera. Com nova bolsa decidiu permanecer em São Francisco. "O ensino e o treino eram mais tradicionais, com mais força nos homens", justifica. Ficou por duas temporadas, passando depois a atender convites. Foi solista do Cincinnati Ballet por três anos e principal bailarino do Louisville Ballet em outros dois.

Em maio do ano passado voltou ao San Francisco Opera como solista, procurando direcionar a carreira para musicais. Lá soube que estavam sendo realizadas audições em todo os EUA para selecionar duas pessoas para "O Fantasma da Ópera". Umas 700 já tinham passado pelo crivo da banca. Faltava apenas a audição de Nova York. "Peguei um vôo no último minuto", diz. Na primeira fase enfrentou cerca de 80 concorrentes.

Sobraram sete que se juntaram a outros 11 para a final na primeira semana de dezembro em um teatro da Broadway.

Uma semana depois Lazzarotto recebeu a ligação telefônica mais comemorada de sua vida. "Não acreditei. Perdi o chão", lembra. "Foi uma coisa mágica, porque desde pequeno sempre acompanhei os musicais, via que era o máximo da arte." Agora não quer se preocupar muito com o futuro. "Tenho sonhos de monte, mas não cobro nada, apenas curto cada momento dessa nova fase da minha vida", afirma.

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