Uma análise de imagens de satélite feita por pesquisadores do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e do Instituto Centro de Vida (ICV) mostra que as bacias hidrográficas de Mato Grosso já perderam de 32% a 43% de sua cobertura vegetal original.

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Paradoxalmente, o Mato Grosso é chamado de ?o Estado das águas? por conter importantes nascentes brasileiras, como as dos Rios Paraguai, Araguaia, Tapajós, Xingu e Guaporé. Sem cuidado, pode-se repetir ali o erro que produtores do Sul, Sudeste e Nordeste, regiões antes cobertas por mata atlântica, conhecem bem: retirar a vegetação até a beira de rios para aumentar a produtividade desencadeia problemas no longo prazo.

?Quando se analisam dados de desmatamento, a gente sempre olha os números por municípios. Mas, do ponto de vista ambiental, pode ser mais interessante olhar por bacia?, diz Adalberto Veríssimo, do Imazon.

A macrobacia do Amazonas (a maior do mundo), que ocupa 66% do Estado e era composta principalmente de floresta amazônica, teve 32% de sua área desmatada no Mato Grosso. Algumas partes estão piores do que outras, como a microbacia do Teles Pires, com 46% de perda. ?Muitas nascentes já foram desmatadas. Não há mata ciliar, não há reserva legal. A erosão e o assoreamento são visíveis?, conta o presidente do ICV, Sérgio Guimarães, um dos autores da análise.

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Um dos motivos apontados pelos pesquisadores é a falta de unidades de conservação na região, que ajudam a barrar o avanço do desmatamento. Apenas 9% das terras estão protegidas nessa bacia. Uma dessas unidades, o Parque Estadual do Cristalino, pode ser reduzida em até 25 mil hectares se uma proposta em trâmite na Assembléia Legislativa do Estado for aprovada.

Na microbacia do Xingu, 32% foram desmatados. É muito menos do que a microbacia de Teles Pires, mas é só deixar o número de lado e olhar uma imagem de satélite para perceber que, sem o Parque Indígena do Xingu, a situação poderia ser ainda pior.

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A derrubada no entorno do parque ameaça o fornecimento de água para os 460 mil habitantes da região – índios e não índios. Uma campanha do Instituto Socioambiental tenta proteger e recuperar as nascentes e matas ciliares da bacia, com a modelo Gisele Bündchen como garota-propaganda.