Puxado por orquestra de frevo e oito bonecos gigantes, o bloco Bacalhau do Batata estreou o hino da agremiação ontem, ao desfilar pelas ladeiras de Olinda, consolidando uma tradição da Quarta-Feira de Cinzas que se repete há 45 anos. ?Vou começar pelo Galo da Madrugada/ sustentar a pisada até a quarta-feira chegar/ depois vou para Olinda tirar a ressaca/ no Bacalhau do Batata e tomar banho de mar?, diz uma estrofe do hino composto por Almir Rouche e Marcos Cley.
Uma multidão de foliões seguiu a recomendação do hino. Muitos amanheceram no Alto da Sé, onde se concentra o bloco. Ali, tomaram o café da manhã, fartando-se com o munguzá – comida feita com milho e leite de coco – servido no local.
Até a saída do Batata, ao meio-dia, quem estava lá presenciou a união do frevo a ritmos como o batuque do maracatu e o xaxado de uma banda de pífanos. Também testemunhou uma ?corrida de monstros? – uma competição, iniciada no ano passado, em que o ganhador é quem desce e sobe a ladeira da Sé em menos tempo.
O Bacalhau do Batata foi criado em 1962 pelo garçom Isaías Pereira da Silva, o Batata, que trabalhava os quatro dias de carnaval e só podia curtir a festa na quarta-feira. Ele morreu em 1993, mas o bloco sobreviveu e continua levando em seu estandarte os ingredientes de uma bacalhoada – bacalhau, cebolas e pimentões.
Também saiu ontem o Urso Maluco Beleza, do cantor e compositor Alceu Valença. No Recife, Os Irresponsáveis tomaram as ruas do bairro de Água Fria.