A Azaléia, uma das maiores fabricantes de calçados do País, demitiu 234 funcionários de uma de suas cinco fábricas de Sergipe na última terça-feira, apenas um ano depois de ter cortado 1,5 mil empregados no Rio Grande do Sul. A unidade será transformada em um centro de distribuição.

continua após a publicidade

A empresa, no entanto, nega que essa demissão seja mais um capítulo da crise deflagrada em todo o setor há exatos dois anos. Com o câmbio desfavorável, o avanço dos chineses e o aumento das exportações legais e do contrabando, vários fabricantes se viram obrigados a reduzir sensivelmente a produção ou até fecharem as portas.

Segundo o diretor comercial da Azaléia, Paulo Ricardo Santana, a fábrica será desativada, mas a produção será desviada para uma das fábricas do Sergipe, localizada em Frei Paulo. "Por uma questão de logística, decidimos transferir a fábrica. No ano que vem, quando retomarmos a produção, vamos criar 300 postos de trabalho", promete Santana. "Nós não vamos recuperar o mercado do passado, mas a Azaléia já passou da fase de perder vendas no mercado externo.

No ano passado, a Azaléia viu suas exportações caírem 25%. Neste ano, elas ainda despencaram 35%. A empresa tentou compensar as perdas reforçando a atuação no mercado doméstico. O faturamento da companhia neste ano deve ficar próximo de R$ 1 bilhão, quase igual ao de 2005. "Até o terceiro trimestre, as receitas caíram só 6%", diz Santana.

continua após a publicidade

A reorganização na produção é reflexo de uma reestruturação maior na companhia, de acordo com Santana. Em quase três anos de gestão, o ex-governador Antonio Britto, atual presidente da Azaléia, diz ter promovido uma redução de custos da ordem de 25%.

Para estancar a sangria, a empresa voltou a olhar o mercado interno com mais atenção. Em 2006, fez o maior investimento de marketing da sua história. Só a verba destinada aos Jogos Pan-americanos Rio 2007 foi de R$ 100 milhões.

continua após a publicidade

A Azaléia colocou mais gente e dinheiro para desenvolver produtos e lançou novas marcas. A empresa não pretende desistir do mercado externo, mas quer vender produtos de valor agregado mais alto. "Estamos melhorando o nível dos sapatos para não ter de concorrer com a China", diz Santana. A China é uma das pedras no sapato dos brasileiros. O país exporta 6 bilhões de pares por ano, quase metade do mercado mundial. E tem preços 30% mais baixos que os do Brasil, que vende 200 milhões de pares por ano.