São Paulo (AE) – Ela parece um cruzamento de Kate Hudson e Janis Joplin: bonita e mignon como Kate e molambenta como Janis. Mas as roupinhas largas de skatista são puro décor. Ela é ordeira. Por exemplo: o seu ônibus de turnê tem dois banheiros – um exclusivo dela, outro para os rapazes. "Tem sempre xixi no chão quando você trabalha com garotos", ela diz.

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Vem aí Avril Lavigne, um dos maiores ídolos adolescentes da atualidade, um "mau exemplo" aprovável por qualquer pai de família. Só tem 20 anos (vai completar 21 anos no dia 27, apenas dois dias após seu show no Estádio do Pacaembu, em São Paulo) e vendeu mais de 20 milhões de discos. Está no show biz desde os 16 anos. Em 2002, ganhou o prêmio de artista revelação do Video Music da MTV com Complicated.

"Tenho grandes expectativas sobre o Brasil. Ouvi dizer que as pessoas são amáveis, alegres, e acho que serão grandes shows", disse a canadense Avril, falando por telefone, na sexta-feira (02). É nova, mas escolada: suas respostas são curtas e não admitem insistências. Por exemplo: o fuxico da hora reza que ela está de casamento marcado com o cantor Deryck Whibley, de 25 anos, do grupo Sum 41. Whibley é ex-namorado da starlet Paris Hilton, herdeira dos hotéis Hilton.

Mas Avril não quer conversa. "Eu não falo sobre minha vida pessoal", responde, sem rispidez. "Mas é verdade ou mentira?" Aí, ela fica menos polida. "Eu já disse que não falo sobre minha vida pessoal!"

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Nascida na pequena cidade de Napanee, Ontario, filha do meio de uma família com três filhos, ela começou cantando muito nova em igrejas, feiras rurais, concertos de Natal e shows de calouro, incentivada pela família. Aos 12 anos, ganhou concurso numa rádio canadense para participar de dueto com a grande diva country Shania Twain. Ela cantou "What Made You Say That" com Shania, no show em Ottawa. Aos 15, os pais a levaram para conhecer executivos da indústria musical, ela foi aprovada e começaram a erigir sua mística de "sk8ter girlll" (forma popular de se escrever "garota skatista").

Aos 16, seus olhos dolorosamente azuis já eram conhecidos em todo o mundo. Em Los Angeles, foi designado como seu produtor Clif Magness (responsável por sucessos de Celine Dion, Wilson Phillips, Sheena Easton). Então, saiu o disco de estréia, buriladíssimo e pronto para emplacar, "Let Go".

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Ela costuma tocar guitarra e piano nos shows, além de cantar. "Estou sempre aprendendo. Não tenho ídolos ou coisas desse tipo, mas tenho algumas preferências. Gosto de Radiohead, de NOFX, mas punk rock não foi uma influência especial no início", ela conta.

Mesmo após ter se tornado uma das estrelas mais rentáveis da indústria fonográfica, ela demonstra que detém o controle da carreira. "Meu objetivo é fazer música, estar em turnê e poder tocar minha música da melhor maneira possível para todos os meus fãs", afirma.

Ela não titubeia ao responder sobre quais as conseqüências de estar no mundo do show biz desde os 15 anos. "Estar no palco e em turnê amadurece a gente com mais velocidade torna você mais preparada para a vida também. Tenho um trabalho tenho grandes responsabilidades. Claro, há momentos em que sou imatura, mas, na maior parte do tempo, eu consigo lidar bem com a responsabilidade", afirma.

Mas o mundo do show biz pede também algumas caricaturas de rebeldia, e Avril foi pegando o jeito também nessa seara. Ela chegou a se comparar a Johnny Rotten, dos Sex Pistols, e foi procurar o escandaloso Marilyn Manson no camarim, para render homenagem. "Ela consegue andar por aí sem baby-sitter, coisa que eu não consigo", afirmou Manson, após o encontro.

A cantora parece não se mostrar intimidada, nem com a crítica nem com as platéias. No Brasil, deverá tocar para uma platéia de quase 100 mil pessoas. Se isso a amedronta? "De jeito nenhum. Eu me sinto realmente à vontade no palco, não importa se é uma multidão ou um pequeno público."

Segundo ela, o repertório no Brasil não deverá apresentar novidades – embora o disco mais recente, "Under My Skin", já tenha saído faz mais de um ano. "Sim, estou com algum material novo. Mas é duro quando você está na estrada, não consegue trabalhar direito o material. Só quando eu acabar minha turnê poderei começar algo com novas músicas."

Avril toca em São Paulo no dia 25, no Estádio do Pacaembu; antes, toca no Gigantinho, em Porto Alegre, dia 21, e dia 23 na Pedreira Paulo Leminski; dia 24 na Apoteose, Rio.