Relatório da ONU aponta o Brasil, entre os demais países da América Latina, na liderança absoluta do fluxo de investimentos estrangeiros diretos no ano passado. A economia brasileira atraiu US$ 18 bilhões nesse tipo de ingresso financeiro, caracterizando um aumento de 79% em relação ao exercício anterior.
A média de atração de capitais externos na região foi de 44%, segundo dados liberados pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal). O crescimento do volume de investimentos estrangeiros diretos foi o primeiro desde 1999, e sinaliza uma perspectiva real da estabilidade brasileira.
Estudos realizados por círculos analíticos de economia aplicada mostram que a retração do investimento externo na América Latina, nos últimos anos, reflete a evidente limitação da capacidade da maioria dos países em competir por maior qualidade desses recursos, como a produção de tecnologia avançada e o desenvolvimento de novos serviços.
O Brasil ultrapassou os volumes captados pelo México, Chile e Argentina, pela ordem as economias beneficiadas com o aumento da poupança externa. Os únicos países a acusar resultados piores aos dos anos anteriores foram Venezuela e Panamá. Basicamente, os Estados Unidos prosseguem como o maior investidor, com 32% dos investimentos.
É no setor de serviços que se verifica a maior concentração do investimento estrangeiro direto (51%), índice constante desde 2002 e 2003. A Cepal constatou, entretanto, que a tendência mundial é investir em serviços tradicionais e não naqueles com maior teor de tecnologia.
Da mesma forma não é mais a privatização o alvo primordial do investimento externo, na atualidade, direcionado à aquisição de ativos do setor privado. Dado esclarecedor da Cepal é a diminuição da presença das transnacionais na América Latina, diante da expansão de empresas da própria região.
Essas empresas lançaram bases em outros países e passaram a ser chamadas de translatinas. Entre elas estão as brasileiras Petrobras, Companhia Vale do Rio Doce e Odebrecht. Certa vez disse alguém que para onde fosse o Brasil, iria a América Latina.