Os Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) – único investidor a formalizar uma proposta no leilão da Varig – confirmou hoje que negocia com cinco potenciais investidores que poderiam garantir a origem do dinheiro que foi prometido por eles na proposta feita durante leilão judicial da Varig. Segundo a TGV, a tendência é a de apresentar o investidor que garanta os recursos amanhã.
Entre alguns dos potenciais compradores, está o ex-presidente da VarigLog, José Carlos Rocha Lima, atual presidente da Syn Logística, que conta com o fundo de investimentos Carlyle como investidor. O fundo administra recursos da ordem de US$ 39 bilhões.
O diretor da consultoria Alvarez & Marsal, Marcelo Gomes, confirmou ainda que será feito até amanhã o pagamento de US$ 75 milhões como primeira parcela para a compra da Varig. Os recursos, segundo ele, viriam do Fondtech e Syn Logística, que negociam o acordo com o TGV. Segundo ele, o compromisso foi acertado em reunião na noite de ontem no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
A oferta do TGV, de US$ 449 milhões, foi homologada com condições pelo juiz Luiz Roberto Ayoub, que cuida da recuperação judicial da Varig. A principal exigência da Justiça fluminense é a comprovação da origem dos recursos. Ontem, o TGV entregou pela segunda vez esclarecimentos que não foram considerados suficientes pela comissão de juízes que supervisiona a reestruturação da Varig.
Quem é o novo investidor – Dados do site do fundo Carlyle dão conta de que trata-se de um fundo de investimentos, que atua nos ramos de energia, telecomunicações, serviços de tecnologia e negócios, varejo, automotivo, saúde, além dos ramos de defesa e aeroespacial. Outra fonte que acompanha o caso da Varig disse que o ex-presidente da VarigLog teria apresentado suposta carta de crédito de uma instituição financeira, para mostrar que teria recursos.
Rocha Lima foi ex-presidente da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT). O executivo prestou depoimento, no fim do ano passado, à CPI dos Correios, defendendo-se de acusações de ter recebido R$ 50 mil, em 2002, da Skymaster (empresa suspeita de ter sido beneficiada em licitação da ECT).
Ele confirmou ter recebido o dinheiro, mas alegou que foi pagamento por consultoria à Skycargas, subsidiária da Skymaster. Rocha Lima presidiu a ECT no início dos anos 90 e, entre 2001 e 2002 dirigiu a VarigLog, que cuidava da parte logística e de transporte de cargas da Varig.
Justiça e Varig desmentem boatos – Rumores no final da manhã desta quinta-feira indicavam que a novela Varig poderia chegar ao fim hoje – a venda da companhia aérea poderia ser homologada ainda na tarde dessa quinta-feira. A Assessoria de Imprensa da companhia aérea, contudo, não confirmou a informação.
De acordo com nota divulgada pela empresa, "a Varig tem absoluta convicção que as negociações entre os interessados em participar do processo de reestruturação da companhia chegarão, brevemente, a um resultado positivo. E tem certeza que informações – como esta agora desmentida – veiculadas de forma leviana e irresponsável não provocarão qualquer descompasso nos entendimentos para a plena recuperação da Varig.
Diante destes boatos, o juiz Paulo Roberto Fragoso, auxiliar da 8ª Vara Empresarial, onde atua o juiz Ayoub, informou no início da tarde que permanecem ainda dúvidas sobre a origem dos recursos que o consórcio liderado pelo TGV se comprometeu a pagar pela Varig.
Fragoso também não confirmou informações de que a proposta do TGV seria homologada nas próximas horas e também disse desconhecer a possibilidade de o depósito de US$ 75 milhões – necessário para honrar débitos imediatos da Varig e manter a companhia em operação – ser feito também hoje.
Fragoso não participa da reunião que ocorre na tarde desta quinta-feira, na sede da empresa, entre representantes da Varig e da consultoria Alvarez&Marsal. O juiz Ayoub está viajando durante o feriado.