Autonomia presumida

Um dos postulantes à presidência da Câmara dos Deputados, cuja eleição deve ocorrer na próxima segunda-feira, dia 14, é o pernambucano Severino Cavalcanti (PP). Candidato avulso, ou seja, à revelia do partido e atropelando o princípio tradicional do parlamento, que confere à maior bancada nas duas instâncias congressuais a primazia de indicar o presidente.

De acordo com essa norma escrita no regimento interno da Câmara e do Senado, ao PT cabe o direito de indicar o presidente da primeira Casa, deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), e o PMDB, o da segunda, senador Renan Calheiros (AL). Ocorre que alguns candidatos avulsos sempre se lançam na disputa e este ano não fugiu à regra: além de Cavalcanti, há ainda as candidaturas de José Carlos Aleluia (PFL-BA), Jair Bolsonaro (PFL-RJ) e mais o petista mineiro Virgílio Guimarães.

De todos, o mais folclórico é o deputado pernambucano, reconhecido porta-voz do chamado baixo clero, aquele grupo majoritário de deputados com fraquíssima atuação em plenário ou nas comissões, com quase nenhuma exposição na mídia política, mas que em ocasiões como essa procura marcar sua existência mediante atos de presumida autonomia.

A rigor, qualquer deputado pode lançar-se candidato avulso aos cargos da mesa diretora, as assim chamadas candidaturas de plenário, sendo mais cobiçadas as secretarias que controlam a utilização de carros, apartamentos funcionais, material de consumo e outros penduricalhos que engrossam os vencimentos dos congressistas.

Esse é sempre um espaço propício à troca de favores e afabilidades, quando não de pura vindita.

No período anterior à eleição, gabinetes, corredores e mesmo os plenários são cobertos por cartazes e panfletos dos concorrentes, no melhor estilo das disputas paroquianas. O Congresso Nacional já viveu dias melhores, mas isso foi nos tempos de antanho.

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