Todo dono de carro antigo geralmente começa a projetar um novo bólido já pelo visual e design. Em seguida, pensa na mecânica que pode adaptar ao projeto e, por último, parte para os acessórios. Mas com a réplica de um Ford Tudor ano 1934 da família da empresária Eliane Moro, 52, foi muito diferente. O projeto do carro começou pela buzina “uga-uga”, primeira peça que o carro teve. Foi em cima dela que todo o hot rod táxi se desenvolveu.
Eliane explica que seu marido já tinha outro hot rod, uma Dodge, que os levou a participar de um clube de carros antigos, o Curitiba Roadsters. Como é muito comum entre colecionadores destes carros ter dezenas de peças e acessórios em suas casas, espalhados pelos cantos e nem sempre úteis a seus carros, um dos integrantes do clube teve uma ideia: por que não fazer uma feira de peças entre os integrantes do clube? Cada um levaria o que tinha sobrando em casa, sem uso, para vender ou trocar. Afinal, o que não interessa para um, poderia completar o hot de outro.
Na primeira feira realizada, Eliane e o marido levaram algumas peças e foram olhar as dos colegas. A empresária se apaixonou pela buzina “uga-uga” (o nome se refere ao barulho que a buzina produz) que encontrou. A todo custo, ela quis a peça e a comprou com apoio do marido, Vladmir. Ao chegarem em casa, perceberam que o som da buzina não combinava com o estilo da Dodge do marido de Eliane. Ela ficou triste, pois afinal, havia gostado demais do acessório. Foi quando Vladmir teve uma ideia e propôs a esposa: “então temos que fazer um carro para ela (a buzina)”. Obviamente, Eliane nem pestanejou para aceitar a proposta.
A família então começou a pensar o que faria e definiu que queriam um Ford Tudor 1934. Compraram um kit de fibra da estrutura, vindo do Rio Grande do Sul, e o chassi. Importaram várias peças e acessórios e adaptaram ao carro a mecânica da Ford Ranger seis cilindros. Quando o carro já tinha condições de rodar, foram pensar no design. A cor do carro era um branco “sujo”, que não tinha nenhuma “graça”. Então a empresária pensou em pintá-lo metade branco, metade azul. Enquanto amadureciam a ideia, um amigo do casal deu outra ideia: por que não pintá-lo de laranja fosco?
Inicialmente, a ideia do laranja causou estranheza. Mas Eliane lembrou que seu pai foi taxista em Curitiba durante 50 anos. Então a ideia de homenageá-lo começou a agradá-la. Com isto, pensaram no quadriculado estilizado que há na lateral do carro. Mas como todo táxi tem um número na porta, a família pensou que número colocaria.
Como já tinham decidido que o carro seria presente a um dos filhos do casal, Diego Fernando, que estava prestes a tirar a carteira de motorista, o próprio Diego deu a dica: “por que não colocar o 17? Além de ser a minha idade, a soma 17 + 17 dá a o ano do carro: 34!”. A sugestão do filho só veio coroar o projeto, que vinha sendo idealizado pela família há meses. E claro que, para dar mais realismo à ideia do táxi, não podia faltar um taxímetro na cabine. Por sorte, Eliane e Vladmir conseguiram um exemplar, igual ao primeiro modelo de taxímetro que foi usado nos táxis de Curitiba.
O carro começou a ser montado há seis anos. Mas ainda tem muitas coisas a serem finalizadas na cabine e, consequentemente, muitas ideias a serem desenvolvidas pela família.
Faculdade
Feliz com o presente, Diego resolveu um dia ir para a faculdade com o bólido. Calouro de engenharia mecânica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), decidiu acordar às 5h da manhã para chegar cedo ao Centro Politécnico. “Eu tinha medo de não encontrar um lugar para estacionar”, disse o estudante. Mas claro que, de tão cedo saiu de casa, Diego conseguiu uma vaga na porta de seu bloco.
Assim que a primeira aula havia começado, o rapaz olhou pela janela da sala e viu seu hot rodeado de, pessoas, que não se contentavam em apenas olhar o carro, mas colocavam as mãos, tiravam fotos e tentavam subir nele. “Eu nem consegui prestar atenção na aula. Não sabia se olhava para o quadro ou para o carro”, lembrou o estudante. Diego pediu licença ao professor e abandonou a aula, decidido a levar o carro de volta pra garagem.
Chegando em casa, o nervosismo do rapaz foi tão grande que ele devolveu o presente aos pais, dizendo que não o queria mais. Para acalmar o filho, o jeito foi aceitar o hot de volta e, mais tarde, comprar um carro não tão chamativo para Diego.
Marco Andre Lima |
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Veja na galeria de fotos o Hot rod, táxi.
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