Se você é um pai de família, vive levando os filhos pra lá e pra cá e tem bastante dinheiro no bolso, a Citroën C8 é uma boa opção. Tem espaço de sobra e muita, mas muita tecnologia. Mimos que vão conquistar quem tiver a oportunidade de estacionar uma na garagem. Fabricada na França, a van foi lançada no Brasil em versão única, completinha, com motor 2.0 16V.
O show começa com o sistema de abertura das portas laterais deslizantes. Basta um toque num dos botões da chave que tudo acontece automaticamente, sem precisar encostar um dedo. Um motor elétrico faz todo o trabalho. Por dentro, o botão no console superior cumpre a mesma função.
São três tetos solares, um pra cada fileira de bancos. Sim, ela carrega sete ocupantes. Por dentro, o conforto é total. Imagine tudo o que um carro pode oferecer. A C8 tem. Desde aquecimento dos bancos, passando por controlador de velocidade, completo computador de bordo, bancos com memória, sensor de ré, ar-condicionado eletrônico com controle independente para os passageiros e nada menos que 60 porta-objetos. Um deles, no centro do console, climatizado.
Os instrumentos marcam o meio do painel, com uma agradável iluminação verde-clara. Logo abaixo o mostrador multifunção, que agrupa informações do computador de bordo e rádio.
A comodidade é garantida pelo câmbio automático auto-adaptativo, com opção de trocas seqüenciais. Chama a atenção o amplo pára-brisa panorâmico, com 2 metros quadrados, o maior da categoria. Segurança também é levada a sério. São seis airbags, ABS com EDB e assistência nas frenagens de emergência e retrovisor eletrocromático. Os pára-lamas dianteiros são moldados em material “composite”, deformáveis, para resistir a pequenos impactos.
Por fora, as linhas da C8 rompem com o estilo tradicional das vans de luxo. A ampla grade é estruturada por uma barra central e a marca da Citroën, cromada. A abertura ovalada integra-se aos faróis e aos vincos do capô. O conjunto sugere, propositalmente, uma imagem sorridente.
E ela impressiona pelo tamanho e design.
São 4,72 metros de comprimento e 2,19 m de largura. Apesar das dimensões, é fácil e agradável de dirigir, graças aos itens de conveniência e versatilidade que oferece.
O preço, cerca de R$ 142 mil, certamente limita o grupo de possíveis compradores. Mas, dentro da categoria que se propõe, a C8 cumpre bem o seu papel.
Rafael Tavares
OLHO CLÍNICO
Abraçada por todo tipo de tecnologia, a Citroën C8 é vítima de um pecado. No Brasil, é oferecida apenas com motor 2.0 16V, de 138 cv. Fraco para um carro que pesa quase 1.700 quilos e tem câmbio automático. Passei onze dias com a van e pude avaliá-la nas mais diversas formas de condução.
Na cidade, o motor até que cumpre o seu papel, oferecendo uma tocada suave em qualquer regime de rotação. Só não caia na tentação de arrancar na frente dos outros num sinaleiro. A C8 não responde com o vigor pretendido pelo motorista. Padece do mesmo inconveniente já detectado na Picasso automática, que tem o mesmo conjunto mecânico: o motor demora uns dois segundos pra acordar de verdade. É melhor sair na boa e deixar os outros pra lá. Aproveitar o conforto que ela oferece é a melhor opção.
Carregada ela perde ainda mais o fôlego, exigindo trabalho dobrado da transmissão, com freqüentes trocas de marcha. Reflexo do torque inadequado (20 kgmf) para um carro desse tamanho. Segundo a fábrica, a van acelera de 0 a 100 km/h em 12,1 segundos e atinge 193 km/h de velocidade máxima. O consumo medido ficou, na média entre trânsito urbano e estrada, em 6,6 km/l. Na França existe a opção de motor V6, com mais de 200 cv.
Na estrada, em velocidade de cruzeiro, cerca de 100 km/h, a falta de potência não é tão sentida. O motorista só lembra da parca cavalaria quando precisa fazer uma ultrapassagem. Aí vale usar o modo seqüencial do câmbio, para adotar um estilo de condução mais dinâmico e controlar melhor as reações do carro.
Outro incômodo observado foi o excesso de ruído interno. Acabamentos plásticos, principalmente no porta-malas, rangem à menor irregularidade da pista, irritando os mais exigentes. Outra fonte de barulho são as cortinas das janelas. Quando fechadas, ficam embutidas nas portas, trocando acordes com a forração.
A suspensão, independente nas quatro rodas, com molas helicoidais e amortecedores telescópicos, dá conta do recado. Em situações extremas, pouco vividas pelo motorista comum, apresenta inclinação elevada, fato justificado por sua proposta familiar de conforto. (RT)
FICHA TÉCNICA
Motor
: 2.0i 16VCombustível: gasolina
Localização/posição: dianteiro, transversal, 4 cilindros
Potência máxima: 138 cv a 6.000 rpm
Torque máximo: 20 kgmf a 4.100 rpm
Alimentação: injeção eletrônica multiponto
Tração: dianteira
Direção: hidráulica, progressiva
Câmbio: automático seqüencial, 4 marchas
Suspensão dianteira: independente, tipo Mc Pherson, com molas helicoidais, amortecedores telescópicos e barra estabilizadora
Suspensão traseira: eixo autodirecional, independente, com barras de torção transversais e amortecedores hidráulicos
Freios: dianteiros com discos ventilados e traseiros com discos sólidos. ABS, EDB e AFU
Pneus: 215/65 R15
Peso: 1.675 quilos em ordem de marcha
Comprimento: 4,72 metros
Largura: 2,19 metros
Altura: 1,75 metro
Entreeixos: 2,82 metros
Tanque: 80 litros