Desde que saí do Brasil em cima de minha moto há dois anos e dois meses muitas coisas aconteceram. Passei por 71 países e rodei até agora mais de 110 mil km. A vida na estrada me ensinou muitas coisas, de mecânica a filosofias de vida, eu aprendi muito.
Nesse período houve dias em que eu queria apenas desistir e voltar para o Brasil e outros em que eu apenas queria ficar no lugar onde estava para sempre. Conviver comigo mesmo por dois anos foi uma experiência que jamais esquecerei! O que mais me tocou foram as regiões de miséria do mundo, como partes da África e Ásia. Enfrentei situações de perigo, principalmente na África, onde me perdi no Deserto do Saara. Peguei malária em Camarões e fui preso por dois dias no Sudão.
Lidar com o problema da língua também foi um desafio. Havia países onde a única forma de comunicação era por mímica. Desses 69 países que visitei o que mais me surpreendeu foi a Etiópia. Eu esperava ver apenas um deserto cheio de crianças com barriga d?água, morrendo de fome. Mas, o que eu encontrei não foi isso e sim um dos países com as paisagens mais bonitas que vi até agora, com muito verde e vales lindíssimos.
A Índia também me reservou uma situação difícil. Foram 40 dias para tentar liberar a minha moto no Porto de Mumbay. Tentei todas as formas possíveis e imagináveis sem resultado. No final a única opção foi alugar uma outra moto. Pude percorrer por três meses este país que mais choque cultural me deu até agora.
Pude apreciar a hospitalidade das pessoas que moram nos Andes, como um senhor que me deu abrigo a 4.500 metros de altitude, onde estava perdido pelos caminhos da cordilheira.
Uma grande satisfação aconteceu quando cruzei a fronteira da Rússia. A Rússia sempre me pareceu um lugar muito distante e, de repente, lá estava eu cruzando a fronteira com a Neguinha… Foi uma grande realização.
Pude ver a bela cidade perdida de Petra na Jordânia, incrustada nas pedras. Bater papo sobre futebol com padres na Turquia e muitas outras experiências fizeram de minha viagem até agora valer a pena.
Na Austrália, destino final da minha volta ao mundo, cruzei muitos desertos como o Victoria e o Gibson, no oeste, para chegar ao ponto central da Austrália e seguir a Sydney, de onde voei para a Argentina e segui ao Brasil pelo Uruguai. Finalmente estou de volta…