Guiar o novo Golf GTI é como montar num touro brabo. Com o controle de tração ligado, é como se estivesse com as duas firmes, segurando o animal. Agora, desligue o botão ?ESP? e respire fundo, pois, se é difícil se manter em cima de um boi, atracado com apenas uma das mãos, o esportivo da Volks também exige do motorista quando provocado sem a assistência da eletrônica.
Para os amantes da esportividade sobre quatro rodas, o GTI é uma benção. O temperamento arisco se revela ao longo da tocada. Afinal, são 180 cavalos urrando no motor. Quer mais? Gaste alguns reais e invista na gasolina Podium. O carro agradece e te presenteia com mais 13 cavalinhos. Com 193 na conta, frito da eletrônica, que reconhece o combustível e atrasa o ponto de ignição em 5 graus, ele fica ainda mais delicioso.
Como todo bólido turbo, este também sofre do tal ?turbo-lag?. Aquela
inércia a ser vencida nas arrancadas e retomadas. No Golf, a explosão
de potência se mostra quando o ponteiro do conta-giros passa dos 2 mil
rpm. Aí é só alegria. Canta pneu até em terceira marcha.Com certeza, não é um carro familiar. Pra segurar tanta impetuosidade, só mesmo suspensão firme e rodas grandes. É duro. Pra mim, receita perfeita. Mas o lépido pai de família, que gosta de passear com a família, vai reclamar na primeira rua esburacada que encarar.
O novo designe da carroceria deixou o Golf mais parrudo. As lanternas traseiras imitam turbinas de avião. A frente segue a nova tendência da linha Volkswagen. Por dentro ele oferece todos os mimos de um carro da sua categoria, como air-bags por todos os lados, ar-condicionado digital, piloto automático e bom sistema de som. Mas deixa a desejar em alguns detalhes, como a falta de ajustes elétricos nos bancos e controle de subida dos vidros quando se aciona o travamento das portas.
Confesso que pouca atenção reservei a firulas de acabamento e conveniência. Agora, como esquecer do volante? Sim! É perfeito. Parece que foi feito moldado na minhas mãos, tão exata é a pegada. Tem a parte de baixo achatada, como nos carros de competição, e a logo GTI num cromado de muito bom gosto.
Nos dias em que convivemos, gastei mais tempo duelando com as curvas do que namorando o novo painel ou o revestimento dos bancos. Escolha a versão manual. É de longe a mais divertida. Acorrentar o GTI na lerdeza de um câmbio automático seria um sacrilégio. Afinal, ele é um touro a ser domado.
As curvas são feitas com firmeza. Pode sentar o pé que ele não nega fogo. É só acertar no traçado, dar uma beliscada no acelerador, que ele segue a rota sem titubear. Nas retas, prepare o lampejador de luz alta, pois a maioria dos adversários não terá outra saída, a não ser dar passagem.
Tudo isso tem o seu preço. Com câmbio mecânico, o Golf bom de briga parte dos R$ 100.750,00. Mas vale cada centavo!
Rafael Tavares
Ficha técnica
Motor: dianteiro, transversal, 1.8 litros, 20 válvulas, 4 cilindros
Potência máxima: 180 cv (gasolina comum) ou 193 cv (gasolina Podium) a 5.500 rpm
Torque máximo: 25,5 kgfm a 1.950 rpm
Taxa de compressão: 9,5:1
Sistema de injeção: eletrônica MPFI
Direção: Hidráulica ? pinhão e cremalheira
Transmissão: manual, com 5 velocidades
Tração: dianteira
Suspensão Dianteira: independente, MacPherson, com amortecedores pressurizados e barra estabilizadora
Suspensão Traseira: independente, com braços tubulares longitudinais, amortecedores pressurizados e barra estabilizadora
Freios: a disco nas quatro rodas. Dianteiros ventilados. ABS, EBD, ASR, EDL E ESP.
Pneus: 225/45R17
Rodas: 17×7 ? liga leve
Peso: 1.302 kg (bruto)
Volume do porta-malas: 330 litros
Capacidade do tanque de combustível: 55 litros
Desempenho (*)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 7,5s
Velocidade máxima: 231 km/h (com gasolina Podium, versão mecânica)
Consumo na cidade: 6,6 km/l (média/computador de bordo)
Consumo na estrada: n/d
(*) dados da fábrica
Preço sugerido: R$ 100.750,00 (mec) e R$ 108.680,00 (tip)