Parece incrível, mas, em pleno século XXI, sendo feminina a maior parte da população mundial e sendo público e notório que as mulheres conquistaram – a duras penas, é claro – seu lugar ao sol, exercendo funções de comando, ganhando bons salários e ocupando grande parte dos bancos universitários, existam alguns indivíduos que ainda tentem fazê-las de bobas. O estigma da ?loira burra?, pelo jeito, ainda não foi superado pelos picaretas de plantão, que esquecem que a ?rebimboca da parafuseta? não funciona mais como argumento para ludibriar as proprietárias de automóveis.

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Sou loira sim, mas passo longe, bem longe de ser burra. Principalmente quando se trata de lidar com os meus interesses e com os meus carros. Isso mesmo, tenho mais de um! E alerto também  a todas as morenas, ruivas, e mulheres de qualquer cor, tamanho ou credo, que não se constranjam em duvidar da palavra do mecânico, do latoeiro e de qualquer outro que tente lhe enfiar, goela abaixo, uma explicação ?fantástica? para um problema simples que o carro apresenta.

Aconteceu comigo e certamente serve de exemplo para milhares de outras proprietárias de veículos de qualquer canto do planeta. Comprei uma camioneta que estava com um defeito no velocímetro. Logo tratei de procurar um lugar para o conserto. Mulher é assim mesmo, gosta do carro inteirinho, com tudo em cima, funcionando nos ?trinks?. No Prado Velho, uma oficina anunciava ser especialista no assunto. Parei e pedi um orçamento. O sujeito que me atendeu não titubeou em dizer que iria ser difícil para arrumar, mas, com grande sacrifício e R$ 250,00, ele resolveria tudo. E revelou: ?Se você quiser, a gente arranja um painel novo, com uma quilometragem compatível com o ano da sua camioneta e troca tudo. Você só vai gastar R$ 450,00?. Coisa mais do que ilegal!

Lógico, não engoli a história.  Busquei outros locais, pesquisei preços e pasmem, na Água Verde, outro especialista em velocímetro diagnosticou o problema em poucos minutos, apontou a pecinha que estava ?queimada? (era um componente eletrônico), mostrou-me como iria substituí-la e apresentou um orçamento de R$ 90,00. Tudo simples e fácil, como tem que ser. Sem enganações.

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Depois disso, fiquei imaginando como é que os picaretas vão sobreviver no futuro. Ou eles mudam de atitude e passam a respeitar as mulheres ou estarão fadados a desaparecer. A eles um recado: em tempo de internet, de células tronco, de microcomputadores, de energia solar, e de tantas outras inovações, não dá mais pra enganar a mulherada. Uma ou outra ainda pode cair na ?armadilha?, mas a maioria já aprendeu a se defender. Nós podemos não trocar um pneu de carro – por falta de força física -mas isso não quer dizer que não  saibamos fazê-lo. E é justamente pra suprir o problema da falta de força, que nós usamos o celular, acionamos o seguro e alguém ?especializado? vem fazer a troca.

Respeito é muito bom, e todo mundo gosta…

Mara Cornelsen

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