Eles eram três irmãos – João, Paulo e Celestino – todos portadores de “gasolina na veia” e a mesma paixão: carro de corrida. Durante parte de suas vidas, respiraram muita poeira, vapor de gasolina, fumaça de combustível queimado, afrouxaram e apertaram centenas de parafusos no ajuste de cabeçotes, regulagem da mistura e da centelha que dá vida ao motor, conviveram com o perigo da velocidade, mas, experimentaram o prazer da vitória e proporcionaram muita emoção e alegria ao público espectador.

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O primeiro deles a falecer foi João Augusto Buso, o mais velho. Depois, em 2002, Paulo José Buso deixou este mundo. Agora, lamentavelmente, registramos o falecimento – dia 13 de junho, aos 81 anos de idade – de Celestino Jacó Buso que, na década de 1950, era conhecido nas corridas de carros pelo apelido de Panseca.

Todos eles tiveram carreteira, sempre Ford e sempre motor V8. O mais destacado de todos foi Paulo, vencedor de inúmeras provas em circuitos de rua e em estradas, entre as quais a Prova Centenário do Paraná, em 1953, com sua carreteira Ford 1939 e motor de Mercury 1951.

Celestino, brincalhão, há cerca de 1 ano dizia: “Também pudera, o que tinha de equipamento melhor sempre ia para a carreteira do Gordo (Paulo). O que sobrava, estava usado ou estragado, ia para a minha.”

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Com efeito, na véspera de uma corrida Curitiba-Ponta Grossa/PR, por estrada de chão, Panseca teve que “emprestar” o distribuidor especial do seu carro para Paulo colocar na sua carreteira, que estava melhor preparada.

Com isso, Panseca teve de usar o distribuidor ruim da carreteira de Paulo e o motor do seu carro pifou o tempo todo. Noutra corrida, vencida por Haroldo Vaz Lobo com um Morgan (Turismo), capotou seu carro numa curva do final da rua Mal. Floriano Peixoto.

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Panseca pilotava a carreteira número 54, Ford 1937, motor 59AB com cabeçotes de alumínio, coletor de dois carburadores (que pegou do Paulo) e câmbio de Lincoln.

Retirou-se mais cedo das corridas – 1956 – para estudar e prestar vestibular ao curso de medicina. Sua carreteira, trocou-a com o amigo de colégio Clodoaldo Moreira, por uma espingarda, terreno e o resto em dinheiro.

Fecha-se mais uma página da história do tempo das carreteiras, abafando o ronco de um motor V8 pelas ruas da cidade, de um sorridente e agitado Panseca que deixou importante contribuição ao desenvolvimento do automobilismo de competição. Na foto, Panseca no circuito do Passeio Público.