Novo visual para o modelo 2013 da naked ER-6n

Não era necessário, mas mesmo assim a Kawasaki insistiu em atualizar a ER-6n. Renovar completamente a naked de dois cilindros em linha foi mais um capricho da marca japonesa do que uma real necessidade e demanda dos clientes. Afinal, o modelo anterior era uma das motos mais racionais e bem resolvidas que já pilotei. Com uma proposta claramente urbana, tinha motor com excelente torque em baixas rotações e fôlego suficiente para girar alto; muito ágil e fácil de pilotar, além de econômica e com um preço atrativo para uma motocicleta de 600cc.

Porém, quando foi apresentada no Brasil em maio último, a justificativa da Kawasaki para mudar a naked ER-6n para 2013 foi de que pesquisas indicaram que os consumidores buscavam uma moto mais acessível a todos, declarou Ricardo Suzuki, gerente de planejamento da empresa no País. Ficou a dúvida se isso era realmente possível.

Certamente, o novo visual da naked ER-6n está mais harmonioso, principalmente no conjunto óptico frontal que traz o painel embutido. Mas a versão anterior já era bonita. Para 2013, o motor manteve-se o mesmo dois cilindros em linha, mas uma nova central eletrônica promete ainda mais torque em baixas e médias rotações. O quadro foi totalmente remodelado, além das suspensões que ganharam mais alguns milímetros de curso cada. O guidão ficou 20 mm mais largo e o tanque foi posicionado mais a frente, tudo para torná-la ainda mais ágil.

Doni Castilho/Infomoto

Mudanças na prática

Portanto, neste teste a missão era avaliar se as mudanças divulgadas pela Kawasaki realmente deixaram a ER-6n melhor, leia-se mais fácil de pilotar. Logo ao subir nesta naked, já se notam as mudanças ergonômicas. Além do guidão mais largo e elevado, o banco ficou mais estreito e facilitou ainda mais apoiar os pés no chão uma característica muito útil em uma moto urbana que pretende atender bem a uma grande variedade de pilotos com biótipos diferentes. E mesmo os mais altos não se sentirão “apertados” na nova ER-6n: a posição do guidão contribui para a sua posição de pilotagem confortável.

O novo painel além de combinar mais com a moto facilita a leitura das informações: ao contrário do modelo anterior, neste o conta-giros é analógico e o velocímetro digital. Portanto, basta baixar os olhos para saber em qual rotação e velocidade você está trafegando. Outra novidade muito bem vinda em uma moto racional como essa ER-6n foi o computador de bordo, que informa consumo instantâneo, médio, autonomia, além do aviso do modo “ECO”, que se acende quando a moto está sendo conduzida de uma forma que economize combustível.

Entretanto, mentiria se afirmasse que notei grandes mudanças no propulsor logo nas primeiras voltas. O motor de dois cilindros paralelos com 649 cm3 de capacidade não sofreu mudanças internas. Alimentado por injeção eletrônica, com refrigeração líquida e duplo comando de válvulas no cabeçote (DOHC), oferece os mesmos 72,1 cavalos de potência máxima a 8.500 rpm e 6,5 kgf.m de torque a 7.000 rpm. Porém, a Kawa reprogramou a ECU (unidade de central eletrônica) para melhorar a entrega de potência e torque em médios giros. Ainda mais, pois o propulsor anterior já era um primor nesse quesito. Além disso, o sistema de exaustão novo contribui para maior torque e um melhor fluxo de gases.

Depois de alguns dias rodando com a nova ER-6n, as mudanças no motor continuam difíceis de serem notadas. Entretanto, nota-se que a alimentação do motor é perfeita, não parece haver “buracos” na aceleração e a ER-6n é quase uma moto automática. Explico: tanto faz acelerar em segunda, terceira ou quarta marchas, o motor responde com o, mesmo fôlego e disposição. Proporcionando dessa forma uma tocada muito confortável na cidade, com poucas trocas de marchas e sem sustos.

Ciclística melhor

Já em relação às alterações ciclísticas, o novo quadro e suspensões são de fato uma melhora na ER-6n. O novo chassi de tubo duplo, além de mais atraente, deixou a moto mais estável, principalmente em altas velocidades. E o conjunto de suspensões é um enigma, apesar do curso mais longo 5 mm no garfo dianteiro e 2 mm na balança traseira – e do funcionamento mais macio, a ER-6n 2013 ficou melhor nas curvas.

No modelo anterior, uma reduzida brusca na entrada ou uma aceleração mais brusca na saída da curva gerava certo desequilíbrio no conjunto. Um “defeito” corrigido no novo modelo. Defeito, entre aspas mesmo, porque é sempre bom lembrar que a ER-6n é uma naked urbana sem a menor intenção de ser radical ou muito esportiva.

No quesito freios, não houve novidades ao menos nas especificações: na dianteira, disco duplo em formato de margarida com 300 mm, e disco simples de 220 mm, na traseira. Mas, para 2013, a nova e compacta unidade central do ABS tem um processador mais avançado. Entretanto, apesar de elogiar os benefícios da segurança que os freios antitravamento proporcionam, ainda acho que são muito intrusivos e atuam cedo demais. Basta colocar o pé no freio traseiro para sentir o pedal trepidar, indicando que o sistema entrou em ação.

Moto prática

Melhorias são sempre bem-vindas e na nova ER-6n as modificações feitas pela Kawasaki realmente melhoraram a moto. O novo painel mais completo com computador de bordo traz informações precisas sobre a autonomia e consumo e ajudou a fazer dessa naked uma das motos mais práticas do mercado além de ser um luxo nesse segmento de 600cc.

Serve tanto para uso diário como encara viagens sem problemas claro que a ausência de carenagem não permite velocidades muito altas por muito tempo, mas para rodar até 120 km/h o conjunto óptico desvia bem o vento. De quebra, a Kawa ainda dotou o modelo com ganchos sob o rabeta para se amarrar bagagem em viagens. E o tanque, agora com 16 litros de capacidade (0,5 litro a mais), proporciona uma autonomia em torno de 340 km o consumo médio variou entre 21 e 22 km/litro. Bem próximo do informado no painel: 22,7 km/l.

Doni Castilho/Infomoto
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