O primeiro carro de corrida de Miro foi um Ford 1949, preparado por Paulo Buso, estreando-o numa corrida num circuito onde hoje está o Colégio Militar, bairro Tarumã, em Curitiba.
Depois adquiriu uma carreteira Ford 1940 que era de Raul Lepper, de Joinville/SC, na qual colocou um motor Ford F-600 e câmbio de Cadillac 1948. Adicionou dois tanques de combustível: um de 100 litros na parte de trás do interior e outro de 60 litros no porta-malas do veículo e foi correr as Mil Milhas Brasileiras em 1961.
Miro não só foi um dos pioneiros pilotos de competição do Paraná como empresário de visão, pois, em 1964 projetou aquele que seria o segundo autódromo brasileiro, pois, então só existia Interlagos/SP, inaugurado em 1940.
Teve várias carreteiras, inclusive uma Cadillac 1939 e dando uma gargalhada frisa que sempre competiu mas nunca ganhou uma corrida sequer. Corria por puro prazer, diversão e basta dizer que no para-choque de uma de suas carreteiras estava escrito: “Ganha-se pouco mais é divertido”.
Organizou e participou de várias corridas em São José dos Pinhais, num circuito que fazia da Rua XV de Novembro a sua principal reta de maior velocidade. Justo ali onde hoje existe o calçadão.
Uma famosa corrida ali foi a 8 de janeiro de 1961, da qual participaram pilotos como Altair Barranco, Adir Moss, Paulo Buso, Haroldo Vaz Lobo, Germano Schlögl, José Curi, José Vera Filho, Alcides Cardoso, Valdomiro Lopes da Silva, Haroldo Martins e Osiris Toscanini.
Uma de suas últimas participações foi na corrida de inauguração da estrada asfaltada entre Curitiba e Apucarana, ocasião em que a equipe da fábrica Simca correu com dois Simca Abarth trazidos da França e que aterrorizaram as competições brasileiras enquanto aqui estiveram.
E o autódromo? Miro parou de correr em 1964 para concretizar um sonho: a construção de um autódromo com 4.600 metros num terreno de 30 alqueires de sua propriedade, localizado à beira da estrada Curitiba-Joinville/SC, onde hoje estão montadoras como a Audi – Campo Largo da Roseira.
Providenciou a elaboração de ante projeto, a fundação da Associação Paranaense de Automobilismo e iniciou a venda de títulos patrimoniais. Infelizmente, esbarrou nos estatutos do então Conselho Regional de Desportos, órgão máximo do setor na época, que considerou ilegal a obra. O sonho acabou.
Despedi-me daquele respeitável senhor octogenário, piloto sonhador, e enquanto ele caminhava com lentidão sobre o calçadão da rua, em direção à sua residência, talvez recordando com saudade do ronco grave produzido pelos motores V8 das antigas carreteiras passando entre as velhas casas, pensei: obrigado, pela alegria que deu ao povo desta terra!