Que o segmento de duas rodas não passa por um bom momento todo mundo sabe. E a falta de crédito como o principal vilão da história já virou notícia velha. Mas um olhar mais atento enxerga pontos positivos no meio desta crise que se instalou nos produtos de baixa cilindrada. O mercado de motos no Brasil é dividido em dois blocos: o até 450cc, que representa 97,6% de todas as motos vendidas no país, e as de média e alta cilindradas que somam apenas 2,4%. Parece pouco, mas não é!
Enquanto isso, o usuário que usa a moto como hobby tem maior oferta de crédito e isso impulsiona esse comércio. Em 2005, foram vendidas 9.436 motocicletas acima de 450 cc, que correspondiam a apenas 0,9% do mercado de motos. Em 2011, seis anos depois, as vendas dessa categoria de motos quadruplicaram: 39.892 unidades.
Esse tipo de consumidor tem como comprovar sua renda, mas vender para ele exige investimentos dos fabricantes em pontos de vendas diferenciados. Um exemplo é a Honda que tem 73 lojas baseadas no conceito “Dream”, revendas especializadas em comercializar as motos de alta cilindrada desde a CB600F Hornet até a GL1800 Gold Wing.
Arquivo/Infomoto |
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“Quando lançamos o programa Honda Dream, no segundo semestre de 2011, a participação da Honda no segmento acima de 450cc era de aproximadamente 27%. A variação desde então foi positiva e atingimos um market share de 30,1%, no primeiro semestre, com pico de 33%. No acumulado de 2012, de janeiro a agosto, tivemos 9.473 unidades vendidas, contra 7.014 do mesmo período do ano passado”, avalia Alexandre Cury, gerente geral comercial da Moto Honda. Segundo Cury, atendimento diferenciado e pós-venda eficiente também consolidam uma marca.
Outro exemplo são as marcas BMW e Harley-Davidson, fabricantes de motos de alta cilindrada com metas ousadas no Brasil. A BMW emplacou 5.553 unidades em 2011. Até agosto já foram licenciadas 4.703 motos da marca bávara, que corresponde a 0,42% do market share do total de motos vendidas no País. “Com um crescimento bastante acentuado este ano, quase 60%, queremos superar 6 mil unidades até o final de 2012 e bater nosso recorde histórico no Brasil”, comemora Rolf Epp, diretor da BMW Motorrad Brasil.
Na cola da BMW está a Harley. Depois da implantação da nova gestão no Brasil, a marca norte-americana não para de crescer. De janeiro a agosto foram emplacadas 4.438 unidades (0,39% do share total do segmento moto), contra 5.200 motos em 2008. Se tudo caminhar conforme o “script”, a HD vai bater seu recorde histórico este ano. “Os números demostram que estamos no caminho certo e consolidam nossa participação no mercado de motocicletas Premium. Vale lembrar que, nessa mesma época no ano passado, tínhamos apenas quatro concessionárias funcionando, sendo que as primeiras só passaram a comercializar motocicletas em abril de 2011. Hoje temos 11 revendas”, explica Júlio Vitti, gerente de Marketing, Produtos e Relações Públicas da Harley-Davidson do Brasil.
Outro nome associado a motos de alto desempenho que se destinam a motociclistas em busca de um hobby é a japonesa Kawasaki. A marca apresentou números semelhantes entre agosto de 2011 e agosto de 2012. No ano passado a marca vendeu 3.927 unidades. Já em 2012 esse número é de 3.966 motos licenciadas.