Agosto de 2008, dia 2. Nesta data apagou-se para sempre a chama que aquecia o espírito competitivo de um dos pilotos de carreteira mais brilhantes do Paraná e do Brasil: Haroldo Guimarães Bastos Vaz Lobo.
Seu nome e seu desempenho, como piloto, lembramos com saudade. Beirando os 80 anos de idade e “inteiraço”, ouvimos dele em certa ocasião: “Eu não me intimidava com os carros mais fortes que o meu. Eu não era daqueles pilotos que deixavam de entrar na pista quando sabiam que teriam de enfrentar concorrentes melhor preparados. Eu participava de todas as corridas, com ou sem chance de vencer.”
E dessa forma ele procedeu, já com aquela idade, quando levou , no primeiro dia de setembro de 2007, sua carreteira Ford 1940 número 5 para participar, em Passo Fundo /RS, da festa alusiva aos 50 anos da realização da corrida do centenário de fundação da cidade.
Na ocasião, cerca de 15 carreteiras restauradas fizeram uma simulação do que foi aquela corrida de 1957, com aceleração de motores, volta de apresentação, largada com bandeira quadriculada e algumas voltas em plena avenida central (onde havia acontecido a corrida verdadeira).
Estivemos lá e constatamos que, se para os outros pilotos tudo era apenas uma encenação, uma recordação, para Haroldo não: ele levou o evento a sério e até ficou aborrecido com uma carreteira que estava à sua frente e que impediu-o de largar entre os primeiros pilotos.
Assim era Haroldo que, trajando o seu antigo macacão branco de piloto e o inseparável lenço no pescoço, na mesma oportunidade foi a estrela do espetáculo, homenageado, entrevistado pela imprensa e tudo o mais, por ser o único e mais velho piloto vivo que disputou a I Mil Milhas Brasileiras, no autódromo de Interlagos/SP, em 1956. Foi mais um dia de inesquecível glória em sua carreira.
Em setembro de 2002, escrevíamos, sobre ele: “A vida do curitibano Haroldo Vaz Lobo, como piloto de carreteira, é mais uma página importante, gloriosa e cheia de saudade, parte integrante do vasto, emocionante e implacável livro do tempo que registra para todo o sempre a história grandiosa do automobilismo de competição paranaense e que nos faz, muitas vezes, chorar ao relembrar acontecimentos de época distante, quando pilotos e mecânicos de carros de corrida superavam as maiores dificuldades parar colocarem seus bólidos na pista, por puro prazer e satisfação de proporcionar um belo espetáculo aos amantes da velocidade e, não por interesses financeiros ou materiais.”
Haroldo disputou cinco vezes as Mil Milhas Brasileiras. Na ilustração de hoje, numa prova do Circuito do Passeio Público, em Curitiba-1954, Haroldo toca a sua carreteira V8 n.º 5 em plena curva de paralelepí-pedos em frente ao prédio do Colégio Estadual do Paraná.