O Gol 1.6 Total Flex, comercializado desde o fim do mês passado pela internet, provou que pode rodar tanto com gasolina quanto álcool, puros ou misturados em qualquer proporção.
Para conferir as vantagens prometidas, a convite da Volkswagen, avaliamos o Gol Total Flex num percurso de cerca de 150 quilômetros entre a fábrica Nova Anchieta, em São Bernardo do Campo e o Guarujá (litoral Sul de São Paulo), ida e volta.
Para chegar ao litoral utilizamos a nova pista da Rodovia Imigrantes e, na volta, usamos a rodovia Anchieta. Durante a ida, o carro usou somente gasolina. Já no retorno, aproveitamos para completar o tanque com cerca de 20 litros de álcool.
Apenas com álcool, o motor do Gol Total Flex mostrou o rendimento previsto. Com pouco mais de 30% de gasolina no tanque, o carro reagiu como se nada tivesse acontecido. O propulsor demonstrou o mesmo vigor de antes. Na subida da Anchieta, em que poderia haver algum comprometimento por excessivas acelerações e desacelarações, em comparação a descida para o litoral, nada de anormal foi percebido em termos de desempenho.
Isso não foi surpresa para o engenheiro de motores da VW, João Alvarez Filho. “O processamento das informações de combustível é feito de forma instantânea. A partir de agora, o consumidor, democraticamente, pode escolher, com base no preço, o combustível que deseja usar.” Atualmente a montadora estuda projetos para colocar o sistema Flex Fuel em outros motores e também em outros modelos da marca. Dois sérios candidatos a ganhar o novo sistema são a perua Parati e a picape Saveiro, ambos derivados do Gol.
Segundo dados da Volkswagen, o Gol Total Flex, usando maior proporção de gasolina, possui uma potência de 97 cavalos a 5.750 rpm e torque de 14 kgfm a 3.000 rpm, enquanto que com maior quantidade de álcool, gera 99 cv a 5.750 rpm e torque de 14,3 kgfm a 3.000 rpm. Para o consumo, a VW informa que o carro faz 11,4 km/litro na cidade e 16,8 km/litro na estrada (gasolina) e percorre 8 km/l na cidade e 11,6 km/l na estrada (álcool). Em termos de aceleração, o Gol chega a 100 km/h em 11,5 segundos (gasolina) e 11,2s (álcool). A velocidade máxima fica em 183 e 184 km/h usando gasolina e álcool, respectivamente. (ACB)
Tecnologia do Total Flex é bem simples
Quanto ao acabamento interno do Total Flex para as outras versões do Gol, não há grandes alterações. O painel e o volante têm o mesmo revestimento de plástico preto das outras versões. A instrumentação vem com fundo branco e o hodômetro total e parcial é digital. A alavanca do câmbio, pequena e baixa, permite trocas de marchas precisas, exceto a quinta. A direção hidráulica, de série, uma comodidade na hora de manobrar e estacionar.
A tecnologia híbrida do Gol Total Flex é resultado do sistema de gerenciamento de injeção de combustível SFS (Software Flexfuel Sensor), da Magneti Marelli, que identifica e quantifica a mistura entre álcool e gasolina no tanque. Com isso, a ECU (Unidade de Comando Eletrônico) adapta o funcionamento do motor ao combustível, mantendo a performace do veículo. Outros componentes do carro sofreram modificações ou foram substituídos para que tivessem um funcionamento melhor e não houvesse desgaste prematuro, em função do álcool, mais corrosivo que a gasolina.
Como escolher
Para saber qual combustível é mais vantajoso de usar na hora de abastecer no posto, já que o álcool é mais barato, mas o consumo é mais elevado que o da gasolina, o ideal é que o preço do álcool seja pelo menos 70% menor que o da gasolina. Por exemplo, se o litro da gasolina custa R$ 2,00 para valer a pena optar por esse combustível, o litro do álcool precisa sair por mais de R$ 1,40.
Para não ficar fazendo contas de percentagem no momento de abastecer, pois os preços dos combustíveis variam muito de posto para posto e também de uma região para outra, uma solução simples é multiplicar o preço da gasolina por 0,7. Se o resultado da operação for maior que o preço do litro de álcool na bomba, é mais vantajoso encher o tanque com álcool mesmo.
Pelo sistema de compra direta da montadora, o Gol Total Flex custa a partir de R$ 27.157 (básico) e R$ 35.438, se vier com ar-condicionado, pintura metálica, alarme “keyless”, toca-CDs e rodas de liga leve. Segundo a VW, cerca de 400 pedidos são feitos por semana, o que representa mais de 10% das vendas totais do modelo. Até junho o carro deve chegar às concessionárias da marca, após a produção atingir a marca ideal. É preciso que o cliente aceite a nova tecnologia para que as vendas cresçam. (ACB)