Pesquisas das montadoras indicam que os utilitários-esporte são veículos cobiçados no País, mas que vendem pouco porque são habitualmente caros – até porque a maioria absoluta é importada. Um utilitário-esporte “made in Brazil”, compacto e com preço mais acessível, teoricamente capaz de substituir os monovolumes nos sonhos de muitos consumidores, foi lançado pela Ford Brasil: o EcoSport.
Lançado em três versões, o EcoSport XLT 2.0 16V ocupa o posto de “top” de linha. Em relação às outras exibe motorização mais possante, mais novidades no habitáculo e, claro, preço menos acessível que as versões de base. Tudo, porém, bem cercado por provocante “design”, que o torna candidato a herdeiro dos consumidores que têm na mira utilitários importados ou mesmo o nacional Chevrolet Blazer.
O EcoSport mostra visual sintonizado com sua proposta “on/off-road”. Tem aparência robusta, sem ser excessivamente agressiva. Exibe faróis redondos com piscas incorporados abrigados por sobrelentes, uma proeminente grade na forma de trapézio invertido e capô com inclinação suave. O pára-choque dianteiro é bojudo e envolvente, com diminutos faróis de neblina redondos incorporados. De perfil, a linha de cintura é alta, enquanto a traseira tem lanternas retangulares e envolventes. A porta traseira dá acesso ao porta-malas e ainda “segura” o pneu estepe, reforçando o visual do utilitário.
Por dentro, o EcoSport XLT 2.0 tem acabamento agradável. O painel de instrumentos e as saídas de ventilação qual turbinas são “herdados” do compacto Fiesta e as linhas quadradas imperam. Mas de maneira geral o habitáculo é convidativo.
O modelo é digno de um “top” de linha. Sai de fábrica com direção hidráulica, coluna de direção e banco do motorista com regulagem de altura, limpador/lavador/desembaçador traseiro, imobilizador antifurto, relógio digital, aviso sonoro de faróis acesos, ar-condicionado, trio elétrico, tomada de força no bagageiro e preparação para som. Na parte de segurança possui “airbag” duplo, freios com ABS, barras laterais de proteção e “brake light”. A lista de opcionais, por outro lado, é enxuta: além de bancos e portas revestidos em couro, engloba apenas o rádio/CD player com função de viva-voz para celular.
O EcoSport XLT 2.0 possui o motor mais forte da linha: são quatro cilindros em linha, 2,0 litros de capacidade volumétrica e 16 válvulas, que desenvolvem 143 cv de potência a 6.000 rpm e torque de 19,1 kgfm a 4.250 giros. Números satisfatórios para movimentar o EcoSport em suas atividades mais prazerosas: “desfiles” urbanos ou passeios por trilhas moderadas. Até porque somente no segundo semestre o carro só será vendido com tração 4×2.
Todo esse conjunto custa R$ 47.590,00, que deixa o EcoSport competitivo se comparado com os utilitários-esporte vendidos no País. São modelos como os Chevrolet Tracker e Blazer, Kia Sportage, Mitsubishi Pajero TR4, Toyota RAV4 e Honda CR-V, cujos preços vão de R$ 60 mil a R$ 105 mil. Ou seja, com o EcoSport, a Ford conseguiu deixar o sonho de ter um utilitário-esporte mais próximo de muita gente.
O Ford EcoSport XLT 2.0 16V exibe performance bastante satisfatória. O carro se sai bem em ambiente urbano, não decepciona nas estradas e em trechos livres e ainda permite algumas “peripécias” quando o assunto é o fora-de-estrada. O visual do carro é instigante. Alto e encorpado, parece propor aventuras sintonizadas com um autêntico “on/off-road”. Mas é nas ruas e estradas com bom asfalto que ele se sai bem.
Na cidade, o motor 2.0 16V “sobra” e garante a agilidade para disputar os escassos espaços. As dimensões do carro são menores do que aparentam e isso leva a outra virtude: facilidade de manobrar e estacionar o EcoSport no meio dos outros veículos. Porém, é preciso cuidado com o pneu estepe “preso” na traseira, que aumenta em alguns centímetros o comprimento do carro.
Em estradas asfaltadas os 143 cv de potência a 6.000 rpm e torque de 19,1 kgfm a 4.250 giros do modelo fazem grande diferença. O modelo acelera da inércia aos 100 km/h em 10,1 segundos e chega à máxima de pouco recomendáveis 180 km/h. O EcoSport é um veículo que se sai bem no uso diário e permite passeios em “trilhas” leves com alguma diversão.