Mal havia terminado sua primeira participação num campeonato de automobilismo, ou seja, no Campeonato Paranaense de Estreantes, no qual obteve expressivo terceiro lugar com o Gordini 1093, Luiz Augusto Piá de Andrade, o “Repolho”, certamente entusiasmado com sua performance, decidiu disputar uma das mais importantes provas de estrada realizadas até hoje no Brasil, inaugurando a Rodovia do Café – GP Rodovia do Café – , numa distância de 802 quilometros, ida e volta, entre Curitiba e Londrina/PR.

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Não há dúvida de que seria um salto gigantesco na sua carreira, pois, sabia que estariam na competição as máquinas mais velozes e alguns dos pilotos mais famosos do país, entre os quais Chico Landi, Camilo Christófaro, Jaime Silva e outros.

Mas, como sempre fez Haroldo Vaz Lobo, um dos mais habilidosos pilotos de carreteira do Paraná, falecido recentemente e que, aliás, também participaria da prova com o Simca número 8, não se intimidou.

A sua prova de fogo veio no dia 18 de dezembro de 1966, exatamente às 9,27 horas. Luiz Augusto diz que ele mesmo preparava o seu Gordini modelo 1093, calcado em conhecimentos obtidos com pilotos e preparadores de motor famosos como Afonso Eberahr Ebbers (falecido recentemente também e que correu nessa prova com o seu Chevrolet 1934 número 7, equipado com motor Chevrolet Corvette) e Amilcar Bley Correa. Vai daí que pegou o seu mesmo Gordini e aumentou a cilindrada do motor com uso de pistões de 60 milímetros da berlineta Willys Interlagos, passando de 850cc para 904cc.

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“Lembro-me bem da largada promocional desse GP – fala Luiz Augusto – com os carros saindo do pátio do Departamento de Estradas de Rodagem, na avenida Iguaçu, no centro de Curitiba, percorrendo enfileirados a rua Mal. Floriano Peixoto, avenida Sete de Setembro, Barão do Rio Branco, Mal. Deodoro, Praça Zacarias, a Boca Maldita, Emiliano Perneta, avenida do Batel, Bispo D. José e avenida Nossa Senhora Aparecida, até o quilometro zero da Rodovia do Café, no Parque Barigui.”

Na frente, em carro conversível, ia a Miss Brasil – Angela Vasconcelos. Nesse ponto roncavam alto os motores das carreteiras de Altair Barranco, número 27; de Osmar Miranda Coutinho, número 36, motor de Ford Thunderbird; de Eduardo Werner, com Chevrolet número 99; de Camilo Christófaro, com Chevrolet 1940 e motor Corvette, número 18.

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Isto, além das berlinetas e Gordinis da equipe Transparaná, dos carros da Escuderia Torque Rabo Quente, de São Paulo; do Simca Emi-Sul do campeão Chico Landi, númedro 2; de muitos DKW, Alfa Romeo JK, Simca, Volkswagen e Saab, totalizando 32 veículos, dos quais apenas 17 completaram a prova dentro do tempo máximo permitido.

O esquema de segurança da prova mobilizava ao longo do trajeto 1.000 homens e ainda dois aviões, 1 helicóptero, além de 15 ambulâncias com médicos e enfermeiros. Na foto de hoje, “Repolho” e o Gordini, quando fazia a sua inscrição à prova, na sede do DER, em Curitiba. Não perca os lances dessa corrida, na próxima edição.