Nem sempre as motos que estão em exposição nas vitrines das concessionárias para venda já foram pagas para a montadora. Em alguns casos, a concessionária recebe a moto e só efetiva o pagamento, no dia seguinte ao faturamento da máquina para o cliente final.
Enquanto isso, o dinheiro é usado pela revenda como capital de giro. Em outras palavras, a revenda compra o bem financiado e vai pagando mensalmente. Caso ele seja vendido, ela tem a obrigação de substituir a garantia ou quitar o contrato.
Foi o que aconteceu com um cliente curitibano, que comprou uma motocicleta de famosa marca americana. Quando o cliente efetiva a compra de uma moto zero quilômetro, recebe uma nota fiscal que será usada para fazer a transferência e também o seguro do bem.
No entanto, nem sempre quando ele da entrada na papelada para transferir a moto para o seu nome, ela já está liberada no sistema Megadata. Segundo o advogado Maurício Chibinski, essa pratica pode ser ilegal ou imoral.
‘Se a moto for comprada por um motoboy e ele perder dias de trabalho por conta da demora no emplacamento, é ilegal, pois causa dano ao consumidor. Por outro lado, se a moto é usada com outros fins e de alguma forma o cliente tem um constrangimento, mas sem danos, é imoral‘, explicou.
Para o agente de crédito Alex Sandro da Silva, essa é uma prática comum em concessionárias. ‘Em muitos casos, a financeira adianta o dinheiro dos veículos, que é usado pela revenda como capital de giro. Quando um veículo é vendido, a revenda tem que correr para quitar, antes do cliente tentar a transferencia, além disso, torcer para que ele não tenha nenhum problema e necessite do seguro, pois no sistema do Detran, ainda vai estar em nome da concessionária‘, explicou.
Segundo ele, outros problemas podem acontecer quando por exemplo, parte do pagamento do bem é feito com um veículo usado. ‘Neste caso, o giro é mais lento, pois nem sempre a concessionária tem o valor para quitar o contrato com a financeira‘, completou Alex.
Avaliação
Quando a concessionária pega uma moto usada como parte de pagamento, precisa fazer ela virar dinheiro rapidamente, ou só vai ver o lucro quando ela for vendida.
Na maioria dos casos, a concessionária repassa a moto para um lojista. Com isso, fica evidente que na hora da negociação, obviamente a concessionária vai desvalorizar ao máximo a moto dada como entrada, pois precisa vender rápido e o logista também precisa comprar abaixo do preço do mercado para ter um lucro com a venda final.
