Osmar Miranda Coutinho. Esse é o nome de mais um curitibano que, na década de 1950 e início de 1960 dedicou parte de sua vida às corridas de carros, mais precisamente às corridas de carreteiras, engrandecendo, valorizando e enobrecendo mais uma página do livro que conta a história fantástica das competições automobilísticas no Paraná e no Brasil.
Coutinho pilotava uma das carreteiras mais bonitas e potentes da época, a qual levava pintado nas portas o número 72, embora não tenha alcançado resultados mais positivos nas pistas. A pintura da carroçaria da carreteira de Coutinho era meio-a-meio, ou seja, do tipo então chamado “saia e blusa”.
Essa carroçaria foi trabalhada na Oficina Ribeiro, de propriedade de Jorge Ribeiro e que funcionava na rua Sete de Abril, na capital paranaense. Ali o capô do motor foi modelado por exímios latoeiros, obedecendo a um desenho diferente das demais carreteiras da época.
Aliás, Jorge Ribeiro, famoso preparador de motores, falecido recentemente aos 100 anos e três meses de idade, foi responsável pelo preparo de todo o carro, incluindo a parte mecânica, fazendo parte do equipamento um motor de Ford Thunderbird V8 e câmbio de quatro marchas à frente.
Praticamente todo o sistema de canos de escapamento era embutido desde a saída do motor.
Uma das corridas mais famosas das quais Coutinho participou foi a do Segundo Grande Prêmio Rodovia do Café, por ocasião da inauguração de todo o trecho entre Curitiba e a cidade de Londrina/PR, numa distância de 802 quilometros ida e volta, no dia 18 de dezembro de 1966, ao lado dos pilotos mais famosos do Brasil de então. Nesta oportunidade, o seu carro levou o número 36.
Como se recorda, essa prova foi vencida por Ettore Onesti Beppe, da equipe Transparaná de Londrina, pilotando uma Berlineta Willys à média de 152,355 quilometros/hora, perfazendo o percurso total em 5 horas, 34 minutos e 17 segundos, ficando em segundo Angelo Cunha, paranaense de Laranjeiras do Sul com sua carreteira Ford V8 número 74, à média de 151,582 quilometros/hora (na volta, em primeiro lugar, derrapou e saiu da pista).
Coutinho, com problemas mecânicos, classificou-se em décimo-quarto lugar. A mais famosa das corridas de automóveis de longa distância da América do Sul, as Mil Milhas Brasileiras, ouviu também o ronco do veoitão de Thunderbird da carreteira de Coutinho ecoar pelas suas canhadas nas frias madrugadas do Autódromo de Interlagos/SP.
Agora, só resta a saudade daqueles tempos! Nas fotos de hoje, Osmar M. Coutinho e sua carreteira; o motor fervendo na fria noite: e Jorge Ribeiro no preparo do motor.