São poucos os veículos que conseguem se manter no topo mesmo carregando consigo o peso da idade. A Chevrolet S10 é um exemplo clássico. Sua produção começou há quinze anos (1996), na fábrica de São José dos Campos, no interior de São Paulo. A versão inspirada no universo rural retorna para tentar fazer da S10 ainda mais líder.
Por que um veículo tão antigo e defasado ainda é o atual campeão de vendas em sua categoria?
Há várias respostas. Uma delas é o preço altamente competitivo. Mas de todos os “prós”, talvez o motor 2.4 litros Flex seja o maior responsável pelo sucesso da S10, pelo menos nos últimos três anos – o bloco chegou em 2007.
Apesar de ser um lançamento, a versão Rodeio não traz mudanças relevantes de engenharia para a picape média.
A GM pegou carona na moda efervescente do público vaqueiro para relançar a versão, produzida como série especial em 2005.
Como o custo/benefício é um dos principais argumentos do utilitário, o Jornal do Automóvel optou por experimentar a versão mais simples, equipada com o motor 2.4 flex de 147 cv (álcool).
A exceção dos novos adesivos e acessórios, a S10 continua igual. Apesar de antiga, a picape GM é eficiente.
Durante nossa avaliação, o motor 2.4 flex se mostrou suficiente, com boas arrancadas e retomadas.
A caçamba de 860 litros estava vazia, mas a sensação é de que o motor despeja energia o bastante para movimentar a picape carregada – a carga útil é de 770 quilos.
O câmbio manual de cinco marchas é afinado com o motor e é decisivo na tarefa de mover a picape.
A alavanca compridona, parecida com a de caminhões mais antigos, tem engates razoavelmente macios e com boa precisão.
O escalonamento das relações, bem calibrado e sem buracos, também ajuda. Nas curvas e frenagens, a S10 até se mantém equilibrada.
Mas a picape não permite abusos ao volante. A suspensão é mais macia, para poder andar carregada e ultrapassar obstáculos (na versão 4X4).
Em velocidades mais elevadas, direção e rodas dianteiras perdem um pouco da precisão.
Nada, porém, que comprometa a segurança. No seu interior, que foi modernizado, permanece com visual típico dos anos 90.
O volante de diâmetro largo, indicado para o “off-road”, dá o tom rústico. Ergonomicamente, a S10 se ressente dos 15 anos em linha.
O banco próximo do assoalho compromete a posição de dirigir. Os joelhos, quando flexionados, ficam acima da cintura, numa posição não muito confortável.
O ajuste de altura do volante ajuda a amenizar o problema. De resto, os comandos são intuitivos.
Só a ausência de uma alavanca do lado direito do volante, para o limpador do pára-brisas, confunde um pouco (o comando fica na peça à esquerda). A S10 Rodeio é um indiscutível sucesso.