O mercado de carros populares, se é que ainda podemos nos referir a ele desta maneira, está cada dia mais disputado. A simplicidade e preço baixo já não são garantia de preferência do consumidor. Quando tudo começou, com o Uno Mille, a intenção era ocupar uma lacuna deixada após a aposentadoria do Fusca. O Mille era barato, mas oferecia apenas o indispensável.
Com o tempo e as novidades tecnológicas apresentadas pelas outras montadoras, a vida do carrinho da Fiat se complicou, já que ele não teve fôlego pra acompanhar a sequência de lançamentos e inovações apresentadas pela concorrência. Até hoje mantém o mesmo desenho básico, assim como seu acabamento, espartano e com pequenas mudanças anuais, que servem apenas como renovação de catálogo. A última novidade aplicada foi o motor Fire, herança de outros modelos da montadora italiana, como o Palio. Da mesma forma, a recente alteração estética da carroceria não agradou e causou muita polêmica. Para alguns, o carro ficou com cara de Lada.
Entre os modelos que deixaram o Mille pra trás está o Celta, da Chevrolet, lançado em 2000, abocanhando de cara o público jovem, seduzindo pela sua relação custo/benefício. Seu desenho agrada, uma vez que tem linhas modernas e convenientes para um carro da sua categoria. A beleza exterior, porém, não acompanhou os constantes aumentos de preço do modelo.
No momento do desenvolvimento do projeto, o conforto é um dos itens mais afetados quando o assunto é economia. Os dois carros, contudo, não despontam tanto, uma vez que fazem parte de um segmento que não prioriza esse quesito. Os equipamentos que facilitam a vida do motorista a bordo e tornam a condução prazerosa como, por exemplo, travas e vidros elétricos e direção hidráulica, são todos opcionais.
A respeito de segurança, não há muito para se comparar ou discutir. Tanto o Mille quanto o Celta não possuem equipamentos de segurança como ABS ou “airbag”, nem mesmo entre os seus opcionais. O plástico domina o interior de ambos os carros. No Celta, a aparência é mais agradável. O Mille oferece um painel simples, somente com as funções básicas, e o Celta esqueceu de um item importante: relógio. Em ambos, os comandos estão bem localizados (com exceção do rádio no Mille, que na posição mais baixa do painel) e o revestimento dos bancos é discreto. (BN)
Mecânica confiável e baixo consumo de combustível
Quanto à parte mecânica, o modelo da Chevrolet supera o modelo da Fiat. O Celta se apresenta como um carro mais esperto na cidade, apesar do fraco desempenho quando vai para a estrada. A diferença de potência (70 cv para o Chevrolet contra 55 cv para o Fiat) se mostra evidente principalmente nas retomadas de velocidade.
De acordo com dados das montadoras, o Celta acelera de 0 a 100 km/h em 13s1 e atinge velocidade máxima de 155 km/h. O Mille também é mais lento na aceleração e leva 15s2 para ir de 0 a 100 km/h. A velocidade máxima do “popular” da marca italiana situada em Betim (MG), não supera a marca de 151 km/h. Números que denunciam a idade avançada do projeto.
Economia é um dos quesitos mais importantes para quem compra um carro com 1.000 cilindradas. O baixo consumo de combustível é uma regra entre esses modelos. O Fiat Mille é apontado pela montadora como o veículo mais econômico produzido no Brasil. O automóvel, segundo a montadora, faz na cidade 14,3 km/l e na estrada o desempenho sobe para 20 km/l de gasolina, médias não alcançadas pela reportagem. O Celta anuncia números mais reais, confirmando no trecho urbano 12,9 km/l e no rodoviário 18 km/l.
Os dois modelos foram avaliados nas ruas movimentadas (nem tanto) de Curitiba e na BR-277, no trecho compreendido entre Curitiba e o litoral. O Celta oferece mais potência e agilidade, além de mais espaço para longitudinal. O porta-malas do Celta, com 243 litros, supera o do Mille Fire, que tem 222 litros. O Mille ainda vai ter que encarar uma nova investida do Celta, que será lançado em versão três volumes.
A versão mais barata do Celta (a Life) tem preço sugerido de R$ 20.780,00, enquanto a da Fiat (Mille Fire), fica por R$ 17.690,00 aproximadamente. As montadoras embora continuem acelerando e aumentando as vendas, não deixam de reajustar os preços na mesma velocidade. Com aproximadamente R$ 600,00 o motorista pode trocar o “kit” de pastilha de freios, amortecedores, pára-lama e pára-choque dianteiro dos veículos. No número de concessionárias a Chevrolet goleia a Fiat: são 272 da Fiat contra 502 da Chevrolet. A garantia é de um ano e a primeira revisão é feita aos 15.000 km em ambos. (BN)
FICHA TÉCNICAMille x Celta
Celta | Mille Fire | |
1.0 | Motor | 1.0 |
999 cv | Potência | 999,1 cv |
70 mkgf | Torque | 55 mkgf |
12,6 | Tx Compressão | 9,5 |
2 por cilindro | Válvulas | 2 por cilindro |
4 em linha | Cilindros | 4 em linha |
gasolina | Combustível | gasolina |
155 km/h | Velocidade Max. | 151 km/h |
13,3 km/l | Consumo Cidade | 14,3 km/l |
17,7 km/l | Consumo Estrada | 20 km/l |