Na época áurea das corridas de carreteiras (carros de rua “envenenados”) no Brasil, década de 1950, os construtores, mecânicos e pilotos demonstravam, como não poderia deixar de ser, a rivalidade entre eles nas pistas, para ver quem era o melhor. Mas, fora disso, eram amigos, um ajudava o outro a superar as dificuldades de preparo do carro e costumavam se reunir antes e sobretudo depois das corridas a fim de comentar o desempenho das carreteiras.
Pois bem, a inédita foto, em termos de imprensa, que apresentamos aos nossos leitores hoje, mostra uma dessas alegres reuniões realizada no início daquela década, , num bar situado no bairro do Portão, em Curitiba, próximo ao posto de combustível São José. Sabem por que ela aconteceu? Para comemorar o término da construção da carreteira de Edmundo Dal´Lago, o “Mundito”. Ali estiveram reunidos, entre outros pilotos, mecânicos e entusiastas das corridas, nada menos que, além de Mundito, Paulo Buso, Celestino Buso, Germano Schlögl, “Piraquara”… No centro, sentado numa cadeira que, pelo estilo, deveria ter sido fabricada pela Móveis Cimo, segurando um copo, está Mundito, o dono da festa. Este piloto, filho de brasileiros e nascido na Argentina, como se recorda morreu no dia 14 de abril de 1953, em consequência de acidente com sua carreteira Ford 1940 número 4 no quilometro 30 da estrada Curitiba/Rio Negro, depois de choque com um caminhão Ford F-8. Ao lado esquerdo, de chapéu, camisa branca e suspensório, está Germano Schlögl, de São José dos Pinhais/PR, tido por muitos aficcionados como o mais arrojado piloto de carreteira da época. No dia 15 de setembro de 1956, Germano conquistou o título de Bi-Campeão da prova Curitiba/Ponta Grossa na categoria Turismo, competindo com um Ford 1949 cupê por ele preparado, com o número 42, fazendo a média horária de 105 em 280 quilometros de estrada de chão. Com carreteira, participou, nos dias 24 e 25 de novembro de 1956, da I Mil Milhas Brasileiras e depois da II, III e V Mil Milhas, em parceria com Euclides Bastos (Pereréca), João Buso e Eugênio Souza.
Na I Mil Milhas, com a carreteira Ford número 86 de Pereréca, fez quarto lugar, oficialmente, mas, segundo a dupla paranaense, na verdade foi segundo. Como Mundito, Germano morreu em consequência de choque entre sua carreteira e um ônibus na rua Mal. Floriano Peixoto, ocorrido em 2 de julho de 1961. Ao fundo, sentado, na quina da mesa, está Paulo Buso, o, piloto de carreteira paranaense que conquistou maior número de vitórias, Tri-Campeão da prova Curitiba/Ponta Grossa, Campeão da Copa Centenário do Paraná e outras, falecido a 25 de fevereiro de 2002. Finalmente, em pé, ao lado de Paulo Buso, com a mão esquerda apoiada numa pilastra do bar, está seu irmão Celestino Buso, o Panseca, que preparava e corria com a carreteira número 54, um Ford cupê 1939 e que será homenageado pelo MP Lafer Auto Clube do Paraná por ocasião do IX Encontro de Carros Antigos, dias 26/27 de junho próximo, em Antonina/PR.