Em recente acontecimento, na pista de provas das Forças Armadas do Exército (AMAN), Resende, RJ, a engenharia da VW Caminhões apresentou uma das configurações que certamente fará sucesso em seu segmento. Trata-se do caminhão 4×4, 15-210 cuja nomenclatura significa 15 toneladas (PBT) e 210 cavalos de potência.
Ainda é apenas um protótipo, voltado para a aplicação fora-de-estrada (extrativismo em regiões de difícil acesso, resgate em locais inóspitos e até o esporte “off-road”), mas com qualidades distintas. A estrutura do chassi recebeu reforços e tanto o motor quanto os eixos foram reposicionados, uma exigência do enorme vão livre. Mesmo assim, o ângulo de inclinação lateral é elevado, quase tão surpreendente quanto a capacidade de rampa.
O motor Cummins (6BTAA) dispensa apresentações. São seis cilindros em linha deslocando 5.9 litros, turboalimentado (“aftercooled”), nesta versão com 210 cv. Compõem o trem de força a caixa de marchas Allison automática com seis velocidades e “retarder”, e uma caixa de transferência com redução de 2:1. Então, como a redução se aplica a todas as marchas, isso tudo significa dizer que o “bruto” possui doze velocidades para frente, sendo seis delas reduzidas, e duas à ré também reduzidas. O câmbio Allison MD 3060 trabalha com folga de capacidade (torque), determinando a possibilidade de casamento com um propulsor bem mais possante.
A capacidade de transpor trechos alagados é incrível, com o pára-choque dianteiro há mais de 100 mm de altura e um acentuado cruzamento de eixos permitido pelo enorme curso das suspensões. A direção, por esferas recirculantes, é bem assistida (hidráulica) e até aquela folga, normal em caminhões, é bem pequena. A visibilidade, estando no banco do motorista, a quase 2 metros de altura do solo, é boa. Os instrumentos, simples, oferecem excelente visibilidade assim como os retrovisores, mas a pedaleira, seguindo normas brasileiras, posiciona o pedal de freio ao lado do acelerador, ambos do lado direito da coluna de direção. O seletor de câmbio, por botão, fica entre os bancos e seu grafismo é de fácil leitura.
O acesso à cabina do VW 15-210 é difícil. O primeiro degrau da escada fica a quase um metro de altura do chão com o caminhão vazio. A caixa de transferência é Marmom Harrington, assim como o eixo dianteiro. O eixo traseiro, com blocante, é Arvin Meritor, mas ambos possuem a mesma relação 5.29:1.
Com essa configuração, o trem de força é mais que hábil para enfrentar situações adversas (degraus, valas, alagados e lama pesada ou areia) morro acima ou abaixo.
