“Bugatti” Quase Teve Faróis de Tacho de Polenta!

Ele não é apenas um empresário bem sucedido, graças ao seu espírito empreendedor e muito trabalho, gostando e falando com entusiasmo sobre o que faz.

É ainda artesão por natureza, artista plástico com formação superior no ramo, construtor, pintor, escritor, escultor, poeta, só para citar algumas das suas atividades.

Esse é Armando Túlio, filho de Natalino e Irene B. Túlio, nascidos no bairro de Santa Felicidade/Curitiba em 1905, onde mora. Seu avô veio da Itália ao Brasil em 1878, sendo um dos pioneiros na construção e desenvolvimento daquele bairro da capital paranaense, famoso no país e no exterior pela sua gastronomia.

Quando não está fazendo nada, está projetando ou desenvolvendo alguma idéia construtiva. Mas, vamos falar sobre uma das vertentes empreendedoras de Túlio envolvendo o setor automobilístico.

Em 1976, ou seja, há cerca de 33 anos, observando uma miniatura – match box – de um automóvel marca Bugatti esportivo conversível, modelo fabricado na Itália em 1923, Túlio decidiu: “Vou construir uma réplica em tamanho normal, em metal, desse carro”.

Mãos à obra, a primeira providência foi conseguir um automóvel Volkswagen modelo Karmann Ghia, cuja carroçaria, em mau estado de conservação, retirou aproveitando apenas a plataforma e a mecânica do veículo, que possuía motor de 1.200cc, modelo fabricado em 1966 no Brasil.

Construiu, artesanalmente, toda a lataria do novo carro, incluindo para-lamas, capô do motor, painel, grade frontal, estofamento e tudo o mais, seguindo à risca o modelo em miniatura. Até aí tudo bem, mas, quando chegou nos faróis dianteiros, foi um verdadeiro quebra-cabeça.

Percorreu ferros-velhos, falou com amigos colecionadores e nada. Não encontrou faróis que servissem. Aí, como bom descendente de italiano, lançou mão de dois tachos de ferro para cozinhar polenta, retirou as suas alças, mandou croma-los na cromagem Gusso, providenciou os aros e lentes e pronto, já tinha os faróis para o carro.

Quando estava a instala-los, surgiu o seu amigo Augusto Marchiorato, da cidade de Campo Largio/PR, que disse-lhe: “Cara, eu tenho dois faróis de um Chevrolet Ramona que darão certo aí.”

Era o que faltava, Com essa ajuda providencial, o carro ficou pronto e rodando num prazo recorde de apenas três meses. No entanto, recorde também foi o tempo que Túlio ficou com esse carro, fruto de trabalho rápido e incessante: apenas dois meses, pois, logo apareceu um interessado, na pessoa de Denir Guandalini, de Curitiba, que comprou-º.

E sabem porque Túlio vendeu-o? Para comprar uma linha telefônica! Hoje ele sente saudade da sua obra, que ficou muito bonita, pintada na cor vermelha, com aros das rodas na cor preta. Assim é Armando Túlio, esse fantástico cidadão, que já construiu réplica de navio, entre outras coisas.

Mas, isso é assunto para outra história. Na foto de hoje, em 1976, em plena avenida Manoel Ribas/Santa Felicidade, em frente à famosa Casa dos Arcos, ponto turístico, Armando à bordo do seu Bugatti “feito em casa”, na companhia de seus filhos Fábio e Paula.

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